ARROBA - Mesmo com as exportações de carne bovina em ritmo intenso – e, consequentemente, ajudando a limitar a oferta doméstica –, os preços do boi gordo encerraram outubro em queda, após terem subido por três meses consecutivos. A pressão veio da maior oferta de animais de confinamento e também da menor demanda por parte de frigoríficos, que receberam lotes de boi já contratados anteriormente. Somando a isso, a demanda interna por carne bovina seguiu arrefecida, o que esteve atrelado à lenta recuperação da economia brasileira.
No acumulado de outubro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa do boi gordo (estado de São Paulo, à vista) registrou queda de 4,38%, fechando a R$ 145,15 no dia 31. Este é o primeiro recuo no acumulado do mês verificado neste segundo semestre – em julho, o Indicador subiu 1,65%, em agosto, 3,6% e, em setembro, 3,4%. Especificamente na segunda quinzena de outubro, verificou-se forte dispersão entre os valores negociados pela arroba. Essa distinção expressiva entre preços mínimos e máximos esteve atrelado às diferentes urgências de operadores do mercado e às particularidades de cada lote.
CARNE - Para a carne negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo, a média da carcaça casada do boi de outubro, de R$ 10,10/kg, esteve 0,4% acima da de setembro/18, mas 4,85% abaixo da de outubro do ano passado, em termos reais. Quando consideradas apenas as médias de outubro, a de 2018 é a menor desde 2013, quando o valor deflacionado passa a ser de R$ 9,44/kg.
EXPORTAÇÃO - As exportações brasileiras de carne bovina in natura seguiram registrando bom desempenho em outubro, ficaram um pouco abaixo da quantidade recorde embarcada em setembro, de 150,66 mil toneladas. De acordo com dados da Secex, foram exportadas 135,94 mil toneladas de carne bovina in natura, 9,77% abaixo da de setembro/18, mas 14,14% acima da de outubro/17.
PRODUTIVIDADE – Ainda que São Paulo não concentre o maior rebanho brasileiro, o estado registra a produtividade mais elevada do País, seguida por Mato Grosso – este, sim, maior produtor de animais e exportador de carne do Brasil. Segundo dados do IBGE, no segundo trimestre deste ano, a produtividade paulista atingiu 260,57 quilogramas de carne por animal, em média (aqui consideram-se os abates de boi, vaca, novilho e novilha). Esse número é 1,13% superior ao registrado no primeiro trimestre de 2018 e 5,94% maior que a média Brasil, que foi de 245,68 quilos/animal no segundo trimestre deste ano. Em Mato Grosso, a produção de carne por animal de abril a junho foi de 259,40 quilos, 0,84% acima da observada no trimestre anterior e 5,58% a mais que a média brasileira.
Vale destacar que, tradicionalmente, a produção de carne por animal de abril a junho é mais elevada, devido à maior oferta de alimentos (pastagem e milho da safra de verão) e ao ciclo natural de produção da cadeia, que tem, no final da safra, a necessidade de terminar mais rapidamente os animais.
Sobre São Paulo, especificamente, um dos motivos de produtores buscarem maior produtividade está o fato de o estado ter forte concorrência com outras importantes atividades, como cana-de-açúcar e laranja.
Mato Grosso, por sua vez, atingiu a segunda posição de maior produtividade por animal devido ao uso adequado da logística, tendo em vista que a proximidade com a produção de grão faz pecuaristas gerarem gado mais pesado. Evidentemente, além disso, a produção mato-grossense realiza um bom manejo e utiliza boa genética.