Mesmo diante do cenário incerto por conta da crise gerada pela pandemia de coronavírus, o mercado pecuário nacional atravessou abril registrando preços relativamente firmes. No mês (dados até o dia 29), o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 teve média de R$ 199,61, apenas 0,37% inferior à de março/2020, mas quase 20% acima da de abril do ano passado, em termos reais (valores foram deflacionados pelo IGP-DI). Segundo pesquisadores do Cepea, a sustentação vem da baixa oferta de animais prontos para abate neste período de final de safra. Do lado da demanda, verifica-se certa estabilidade na procura de brasileiros pela carne bovina, especialmente por cortes mais baratos. Já a demanda internacional pela carne bovina in natura segue aquecida, especialmente por parte da China – vale lembrar que o país asiático parece ter superado a pandemia de coronavírus, o que tende a manter firme a procura internacional por carnes.
SUÍNOS: QUEDA NO PREÇO DO VIVO NESTE MÊS É A MAIS INTENSA DA SÉRIE
O cenário de incertezas na suinocultura brasileira, devido à pandemia de covid-19, tem pressionado as cotações do animal vivo, que registram os menores patamares em um ano. Do lado da demanda, frigoríficos reduziram o ritmo de abate e adquirem novos lotes apenas quando há maior necessidade. Nas granjas, produtores negociam os suínos a preços cada vez mais baixos, no intuito de escoar a produção. Nesse cenário, o mês de abril se encerra com consecutivas desvalorizações do animal vivo – neste mês, inclusive, as quedas nos preços são as mais intensas das séries regionais do Cepea, iniciadas, em alguns casos, em 2002. Na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), o suíno vivo tem média de R$ 4,35/kg na parcial de abril (até o dia 29), queda de 24,3% frente à de março. Em Patos de Minas (MG), a baixa foi ainda mais intensa: de 27% entre março e a parcial de abril, para R$ 4,16/kg neste mês.
FRANGO: COM BAIXA PROCURA, LIQUIDEZ DIMINUI E PREÇOS CAEM
As cotações dos produtos da avicultura de corte têm tido recuos consecutivos neste mês. Segundo colaboradores do Cepea, a dificuldade de escoar a produção no mercado nacional, principalmente por conta da diminuição da procura de serviços de alimentação, como hotéis e restaurantes, tem pressionado os valores. Com a produção, tanto de aves quanto de carne, acima da demanda, os ajustes negativos ocorrem com a finalidade de aumentar a liquidez. Quanto aos cortes, as quedas mais intensas foram registradas para os produtos resfriados, devido ao menor tempo de prateleira. Esses produtos também são mais dependentes das vendas aos serviços de alimentação, setor que está funcionando de forma reduzida por conta das medidas de quarentena.