Depois de operarem no encerramento de abril nas máximas nominais da série do Cepea, os preços da carne bovina recuaram ao longo de maio no mercado atacadista da Grande São Paulo. No dia 31 de maio, a carcaça casada bovina foi negociada a R$ 19,80/kg, à vista, acumulando queda de 2,65% frente à média verificada no dia 30 de abril. Trata-se, inclusive, da primeira queda no acumulado de um mês neste ano. Dados do Cepea mostram que, em janeiro, a proteína bovina se valorizou 5,63%, em fevereiro, 1,1%, em março, 3,77%, e em abril, 1,35%. A pressão veio da demanda interna bastante enfraquecida, tendo em vista o atual contexto econômico, o desemprego elevado e o consequente poder de compra fragilizado da maior parte da população brasileira. Além disso, os preços competitivos das principais carnes concorrentes, a suína e avícola, reforçaram a menor procura pela proteína bovina.
Agentes de frigoríficos consultados pelo Cepea indicaram dificuldades em vender a carne nos atuais patamares. Assim, enquanto as unidades de abate que habilitadas a exportar acabam tendo as vendas internacionais como “válvula de escape” – favorecidas especialmente pelo dólar elevado e pela demanda externa aquecida –, as que trabalham apenas com o mercado brasileiro relataram estar com as margens apertadas. Diante disso, frigoríficos evitaram ao máximo conceder novos reajustes positivos nos preços de compra de animais para abate em maio. Pontualmente, muitos tiveram sucesso, tendo em vista que a arroba bovina chegou a se enfraquecer e a ser negociada a pouco mais de R$ 300,00 em alguns momentos de maio. No dia 31 de maio, o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (à vista, estado de São Paulo) fechou a R$ 316,15, acumulando pequeno avanço de 1% frente ao encerramento de abril. No campo, muitos pecuaristas se mantiveram firmes nos preços pedidos por novos lotes, fundamentados especialmente nos elevados custos de produção. A reposição continua sendo comercializada em patamares bastante elevados e os insumos de alimentação, apesar de terem registrado pequenas quedas no final de maio, ainda operam em patamares altos. O Indicador do bezerro ESALQ/BM&FBovespa (animal nelore, de 8 a 12 meses, Mato Grosso do Sul) fechou a R$ 3.206,60 no dia 31 de maio, com elevação de 1,11% no acumulado do mês.
ABATE – Dados divulgados em maio pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) confirmam o cenário de disponibilidade reduzida de animais no mercado brasileiro. No primeiro trimestre deste ano – quando, vale lembrar, a arroba paulista chegou a ser negociada na casa dos R$ 315 –, a quantidade de animais abatidos no País somou 6,64 milhões, 9,71% a menos que no trimestre anterior e 10,08% inferior à do primeiro trimestre de 2020. O volume abatido de janeiro a março de 2021 foi, também, o menor em 12 anos. Neste caso, no primeiro trimestre de 2009, o abate somou 6,48 milhões de cabeças, ainda de acordo com o IBGE. Considerando-se apenas os primeiros trimestres de anos anteriores, observa-se que o volume de animais abatidos vinha se mantendo desde 2015 acima de 7 milhões de cabeças (sem distinguir as categorias macho e fêmea). Já entre 2013 e 2014, a quantidade abatida no primeiro trimestre esteve acima de 8 milhões de cabeças, segundo o IBGE. O menor volume abatido pode estar atrelado à retenção de fêmeas por parte de muitos pecuaristas, no intuito de gerar animais para reposição. Aqui ressalta-se que os preços do bezerro e do boi magro operaram em patamares recordes reais no primeiro trimestre de 2021.