Os preços da arroba do boi gordo esboçaram certa reação no final de junho, levando o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (estado de São Paulo) a acumular recuperação de 4,5% no mês. Apesar disso, o primeiro semestre se encerra com os preços da arroba bovina em forte queda. E essas desvalorizações mantiveram muitos pecuaristas em alerta ao longo desse período, que foi marcado por oferta maior de animais para abate e pela suspensão – de um mês – nos envios de carne bovina ao principal destino da proteína nacional, a China. No acumulado da parcial deste ano (de 29 de dezembro de 2022 a 30 de junho de 2023), o Indicador registrou queda de 11,4%. Quando consideradas as médias mensais deflacionadas (pelo IGP-DI), a de junho, de R$ 248,80, ficou 11,7% inferior à de dezembro/22.
Analisando-se a série do Indicador do boi gordo CEPEA/B3, a queda na média observada de dezembro para junho é a mais intensa desde 2005, quando a retração na parcial daquele ano foi de 13,43%. O outro ano em que os valores da arroba bovina caíram de forma tão forte como atualmente foi em 2003, quando o Indicador recuou 12,45%. A baixa, como já mencionado, foi causada por fatores produtivos e econômicos, dentre eles o maior investimento na produção pecuária nos últimos anos, que resultou em aumento na oferta de animais. Outro fator que aumentou a pressão sobre as cotações é o ainda baixo consumo de carne bovina no mercado interno, sobretudo nos primeiros meses do ano. Agentes do setor estão confiantes de que a procura interna pela carne se aqueça neste segundo semestre, fundamentados nos atuais preços mais competitivos da carne – na parcial deste ano, a média da carcaça casada do boi negociada no atacado da Grande São Paulo se desvalorizou 8,35%, a R$ 17,22/kg em junho, contra R$ 18,79/kg em dezembro do ano passado.
EXPORTAÇÕES EM JUNHO – Um fator que favorece o movimento de recuperação nos preços internos do boi gordo é o bom desempenho das exportações brasileiras de carne bovina. Segundo dados da Secex, em junho, foram embarcadas 192,74 mil toneladas de carne bovina in natura, 14,4% a mais que em maio/23 e 26,2% acima do volume de junho/22. Trata-se, também, de quantidade recorde para um mês de junho, superando o até então recorde, que havia sido observado no passado (152,43 mil toneladas).