As vendas externas de carne bovina in natura somaram 153,196 mil toneladas em maio, pequeno recuo de 2,74% frente ao mês anterior, mas expressiva alta de 20,83% em relação a maio/21, segundo dados da Secex. Já o preço pago pela carne brasileira renovou o recorde da série histórica da Secex, se aproximando de US$ 7 mil por tonelada. Em moeda nacional, com a taxa de câmbio elevada, o valor pago pela proteína também foi o máximo da série histórica, atingindo R$ 34,3 mil/tonelada. Pesquisadores do Cepea indicam que o bom desempenho das exportações em volume e os preços recordes pagos pela proteína evidenciam a importância do mercado externo para o setor pecuário nacional, sobretudo neste período de transição da safra para a entressafra, quando, ressalta-se, o mercado registra pequeno crescimento na oferta de animais para abate e demanda doméstica enfraquecida, devido aos fatores macroeconômicos e aos valores mais atrativos das carnes concorrentes.
FRANGO: PROCURA EXTERNA FIRME ELEVA EXPORTAÇÃO; RECEITA É RECORDE
Como já esperado por agentes do setor nacional, o volume de carne de frango exportado em maio aumentou. E no caso da receita, os resultados superaram as expectativas, visto que o montante gerado com as vendas externas atingiu recorde, conforme dados da Secex compilados por pesquisadores do Cepea desde 1997. Foram R$ 4,48 bilhões obtidos com os embarques de maio, valor 14,7% maior que o de abril/22 e 28,9% superior ao de maio/21. Quanto ao volume escoado, somou 429,7 mil toneladas, o segundo maior da história, atrás somente do de julho de 2018, quando foram exportadas 463,9 mil toneladas (Secex). Segundo pesquisadores do Cepea, o aumento no volume embarcado está atrelado à guerra na Ucrânia – que já foi um dos maiores produtores e exportadores de carne de frango na Europa – e aos contínuos surtos de Influenza Aviária de alta patogenicidade (H5N1) no Hemisfério Norte, que têm direcionado a demanda global pela proteína ao Brasil. Quanto à receita, o resultado recorde refletiu o aumento no preço pago pelo produto exportado, que teve média de R$ 10,39/kg no último mês, o maior patamar da história, 11,7% superior à de abril e 24,3% acima da de maio/21.
SUÍNOS: APESAR DO MENOR ENVIO À CHINA, AUMENTO A OUTROS DESTINOS LIMITA QUEDA NO TOTAL
As exportações brasileiras de carne suína (in natura e industrializada) à China, o maior destino da proteína nacional, recuaram 12,7% entre abril e maio. No acumulado do ano (de janeiro a maio), a queda nos envios ao país asiático já é de fortes 38,9% frente ao mesmo período de 2021, de acordo com a Secex. Esse cenário pressionou o total exportado pelo Brasil no último mês. A queda, porém, foi limitada pelo aumento dos embarques a outros destinos, como as Filipinas, que importaram 33,5% mais carne suína em maio frente a abril, tornando-se o segundo maior destino da proteína brasileira no último mês – atrás apenas da China. Assim, o Brasil exportou o total de 88,1 mil toneladas de carne suína em maio, de acordo com a Secex, leve queda de 0,4% frente a abril e 13% a menos que o embarcado em maio/21. É importante ressaltar que a China vem diminuindo a necessidade de comprar proteína no mercado internacional. Segundo pesquisadores do Cepea, esse movimento reflete a recuperação do rebanho de suínos no país após os picos de Peste Suína Africana (PSA), doença que acometeu milhões de animais. De acordo com dados do USDA, a produção chinesa de suínos já está próxima do patamar anterior à PSA, atingindo 655 milhões de cabeças em 2021, crescimento de 49% frente a 2019, o período mais crítico da doença no país asiático.
TILÁPIA: MENOR DEMANDA INTERNA PRESSIONA VALOR DA TILÁPIA
A maior parte do mês de maio foi marcada pela queda na demanda por tilápia. Além do fim da Quaresma, período de maior consumo de peixes no Brasil, as frentes frias que chegaram ao País também dificultaram as negociações. Assim, o preço médio pago ao produtor recuou na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. Nem mesmo o elevado volume de exportação em maio chegou a impedir a queda dos valores domésticos. Segundo levantamento do Cepea, na região dos Grandes Lagos (noroeste do estado de São Paulo e divisa de Mato Grosso do Sul), a tilápia in natura foi negociada a R$ 7,89/kg na média de maio, leve avanço de 0,36% em relação a abril. No Oeste do Paraná, o preço médio teve pequeno recuo de 0,56%, com o animal negociado a R$ 7,13/kg no mês. No Norte do Paraná, as cotações da tilápia caíram 0,37% em relação ao mês anterior, a R$ 8,09/kg.