Apesar do enfraquecimento da arroba do boi gordo nesta parcial de abril (até o dia 26), o poder de compra dos pecuaristas terminadores do estado de São Paulo frente ao milho cresceu na comparação com os registrados em março e em abri/21. Inclusive, o volume de milho possível de se adquirir com a venda do boi gordo ficou acima da média histórica. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário é reflexo da queda dos preços do cereal, que vêm sendo pressionados por expectativas de que a produção nacional da segunda safra fique acima das estimativas iniciais, podendo ser recorde. Na parcial deste mês, a média mensal do Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (estado de São Paulo) está em R$ 335,15, 2,77% inferior à de mar/22 e 6,21% abaixo da de abr/21, em termos reais (as médias foram deflacionadas pelo IGP-DI). Para o milho, o preço médio do cereal negociado na região de Campinas (Indicador ESALQ/BM&FBovespa) é de R$ 89,80/saca de 60 kg, fortes recuos de 10,05% frente ao mês anterior e de 18,2% em relação a abr/21, em termos reais. Assim, com a venda de um quilo de boi gordo em SP, o pecuarista conseguiu adquirir quase 15 quilos de milho na região de Campinas, 8% a mais que em março e quantidade 14,66% maior que a de abr/21, em termos reais. A média histórica do poder de compra dos pecuaristas terminadores de SP em relação ao milho (a série foi iniciada em agosto de 2004) é de 14,84 quilos. Ou seja, o volume do cereal possível de se adquirir na parcial de abril está 0,6% acima da média dos últimos 18 anos.
SUÍNOS: COMPETITIVIDADE DA CARNE SUÍNA FRENTE À DE FRANGO É A MAIOR EM 12 ANOS
O valor médio da carcaça especial suína se manteve estável entre março e a parcial de abril (até o dia 26), enquanto os preços da proteína de frango subiram com força. Diante disso, a competitividade da carne suína frente à de origem avícola cresceu no comparativo mensal, registrando o maior patamar desde agosto de 2009. A carne bovina, por sua vez, registrou pequena desvalorização, o que reduziu levemente a competitividade da proteína suína frente a essa concorrente. No atacado da Grande São Paulo, a carcaça especial suína se valorizou ligeiro 0,2% entre março e a parcial de abril, negociada na média de R$ 8,67/kg neste mês. Segundo pesquisadores do Cepea, a estabilidade dos preços da carne suína reflete os movimentos opostos na primeira e na segunda quinzenas – enquanto no início do mês o ritmo lento dos negócios pressionou as cotações, na segunda metade do período, o aquecimento das vendas resultou em recuperação dos valores. Já o frango inteiro resfriado, também vendido no atacado da Grande SP, se valorizou 11,9%, com média de R$ 7,91/kg na parcial de abril. Assim, o preço da carcaça especial suína ficou apenas 75 centavos de Real/kg acima do valor do frango, diferença 52,5% mais estreita que a registrada em março e também a menor em mais de 12 anos.
IPPA: ÍNDICA AVANÇA 2,1% EM MARÇO
De fevereiro para março, o IPPA/CEPEA (Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários) avançou 2,1%, em termos nominais, influenciado por altas observadas para os grupos de grãos, de pecuária e de hortifrutícolas, de 2,6%, 4,3% e 10,1%, respectivamente. O Índice composto por cana-de-açúcar e café, por sua vez, recuou 6,1%. Entre os hortifrutícolas, com exceção da laranja – que apresentou ligeira desvalorização –, todos os itens apresentaram elevações nos preços médios nominais. Chama a atenção a importante valorização de 56,6% para o tomate, devido à restrição da oferta por conta do fim da safra de verão. Em relação aos grãos, na mesma comparação, todos os itens que compõem o grupo registraram aumento nos preços, com destaques para o trigo e o arroz em casca. No caso do trigo, tem-se o efeito do choque de oferta causado pelas restrições das exportações russas e ucranianas, que influenciaram o volume de negociações no Brasil e levaram as médias estaduais a atingirem máximas nominais históricas do Cepea. Quanto ao arroz, o comportamento altista no primeiro trimestre do ano, bastante incomum para a cultura, se deve ao descompasso entre oferta e demanda e ao reajuste dos valores frente à necessidade de reposição de estoques. Entre os produtos do grupo da pecuária, por sua vez, todos os itens tiveram seus preços nominais elevados em março. Destacou-se a alta observada para os preços do frango vivo, após seis meses de quedas consecutivas, que reflete a demanda externa aquecida – como resposta do mercado internacional às restrições de embarques de produtos ucranianos, que também é um importante fornecedor mundial da carne de frango. Finalmente, no caso da cana-de-açúcar e do café houve redução das médias mensais. Na mesma comparação, o IPA-OG-DI Produtos Industriais, calculado e divulgado pela FGV, registrou alta de 3% – logo, de fevereiro para março, os preços agropecuários caíram frente aos preços industriais da economia.