O mês de novembro de 2019 deve ser lembrado por muitos anos pela pecuária nacional. O período foi marcado por preços recordes reais do boi gordo (considerando-se a série do Cepea, iniciada em 1994) e da carne no atacado (série iniciada em 2001). No caso da arroba do boi no estado de São Paulo, novembro também será lembrado por ter registrado as duas mais intensas altas diárias do Indicador do boi gordo ESALQ/B3 – no dia 5, a elevação foi de 5,05%, e no dia 21, de significativos 11,85% – e, consequentemente, pelo expressivo avanço mensal. No encerramento de novembro, o Indicador fechou a R$ 231,35, acumulando forte elevação de 35,53% (entre 31 de outubro e 27 de novembro). A média mensal da arroba foi de R$ 201,16, um recorde, 23,2% superior à de outubro/19 e 31,6% acima da de novembro/18, em termos reais.
Para a carne, a carcaça casada do boi apresentou consecutivos recordes diários reais do dia 8 de novembro até o final do mês. No dia 29, a proteína negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo fechou a R$ 15,85/kg, à vista, com valorização de 35,01% no acumulado de novembro. A média mensal foi de R$ 13,92/kg, recorde e com altas de 31,4% frente à de outubro/19 e de 25,6% em relação à de novembro/18, também em termos reais. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário foi resultado das aquecidas demandas externa e interna e da baixa oferta de animais prontos para abate. Do lado da demanda, no mercado doméstico, é comum observar certo aquecimento nas vendas nesta época do ano, quando atacadistas se abastecem, à espera de aumento na procura por carne, devido às típicas festas e churrascos.
No caso das exportações, pesquisadores do Cepea destacam que o volume embarcado pelo Brasil se mantém acima das 100 mil toneladas desde julho de 2018, resultado que tem sido influenciado especialmente pela demanda chinesa – em novembro, inclusive, novas plantas frigoríficas brasileiras foram habilitadas para exportar carne ao país asiático. Em outubro, vale lembrar, o volume de carne bovina exportada pelo Brasil foi recorde (de 170,5 mil toneladas) e, em novembro, mais 155,58 mil toneladas foram embarcadas, segundo dados da Secex. Quanto à oferta de animais, segue restrita em todas regiões acompanhadas pelo Cepea. De modo geral, o crescente abate de fêmeas em anos recentes resultou em restrição de oferta de animais. Nesse sentido, a pecuária nacional vai ter que responder com aumento de produtividade para conseguir atender à crescente demanda por novos lotes para abate, tendo em vista que o abate de fêmeas atingiu volumes recordes nos primeiros meses deste ano.