O mercado de boi gordo, que já registrava fraco ritmo de negócios nas primeiras semanas de maio, está paralisado diante do atual cenário. O Cepea praticamente não registrou negócios envolvendo boi gordo e bezerro em algumas praças, o que fez com que muitas ficassem sem indicações de preços em alguns dias. De um lado, pecuaristas têm deixado os animais no pasto, na tentativa de reduzir a necessidade do uso de suplementos. Muitas indústrias de ração estão sem matéria-prima para processamento e, no caso das que têm derivados estocados, a dificuldade está na distribuição. Esse cenário pode resultar em menor produtividade. De outro lado, no frigorífico, novas cargas de animais não chegam e, mesmo onde houve abate no correr da semana, a impossibilidade de distribuição da carne fez com que a indústria interrompesse as atividades nesta semana.
SUÍNOS: PARALISAÇÃO DE CAMINHONEIROS TRAZ INCERTEZAS AO SETOR
Segundo pesquisadores do Cepea, a greve dos caminhoneiros tem trazido incertezas, visto que a suinocultura é um dos setores que mais tem sentido os efeitos da paralisação. Os efeitos disso podem, inclusive, ser estendidos para o médio prazo, refletindo em queda na produção e, consequentemente, na oferta de carne suína. Nas indústrias, frigoríficos têm dificuldades para escoar as carnes ao setor varejista. Nas granjas, suinocultores não conseguem enviar o animal pronto para o abate à indústria. Além disso, sem receber a ração, a alimentação dos suínos está sendo prejudicada. De acordo com informações do Cepea, os descompassos causados pela greve resultaram em baixo volume de negócios, com apenas efetivações pontuais nesta semana e a preços mais elevados.
FRANGO: RECUPERAÇÃO DO MERCADO É INTERROMPIDA PELA GREVE
No início deste mês, a avicultura registrava preços mais elevados da carne e reação das exportações e das vendas domésticas. Porém, de acordo com pesquisadores do Cepea, a greve dos caminhoneiros interrompeu esse cenário positivo para a atividade. Enquanto o avicultor não consegue receber insumos para alimentar os animais, frigoríficos reduziram o abate porque não há mais espaço em seus estoques, que não estão sendo escoados. Colaboradores do Cepea indicam que têm racionado a alimentação dos animais, cenário que deve reduzir a produtividade. A paralisação travou o setor e a maior parte dos agentes consultados pelo Cepea está fora do mercado. Apenas negócios esporádicos têm sido coletados, envolvendo produtores e indústrias que têm logística por vias municipais.
OVOS: PREJUÍZOS POR CONTA DA GREVE PODEM TER REFLEXOS NO MÉDIO PRAZO
A paralisação dos caminhoneiros vem prejudicando significativamente a avicultura de postura. Com o bloqueio de muitas rodovias, produtores de ovos consultados pelo Cepea não têm recebido os principais insumos utilizados para o andamento das atividades, como ração e embalagens, e não têm conseguido escoar a mercadoria. Os prejuízos acumulados ao longo desses dias de greve podem, inclusive, ter seus reflexos estendidos para o médio prazo. Isso porque a falta de ração nas granjas levou à perda de poedeiras, o que tende a reduzir a oferta de ovos nos próximos ciclos de produção – novos lotes de pintainhas levariam cerca de 20 semanas para começar a botar ovos comerciais. Vale ressaltar que, antes da paralisação, o setor já vinha adotando medidas para controlar a oferta de ovos.