PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018: O movimento dos preços do boi gordo no primeiro semestre deste ano foi bastante semelhante ao verificado no mesmo período de 2017, que, vale lembrar, foi marcado por fortes turbulências. Tomando-se como base os valores médios mensais do Indicador do boi gordo ESALQ/BM&FBovespa (estado de São Paulo), deflacionados pelo IGP-DI de maio/18, verificou-se quedas consecutivas desde o início de 2018. Assim, no acumulado do primeiro semestre deste ano, o Indicador registrou baixa de 9,23%. Essa é a mesma tendência observada em 2017, quando a queda acumulada de janeiro a junho foi de 11,55%. É importante ressaltar que, nos anos anteriores, o movimento foi um pouco diferente, com alta de 0,62% na primeira metade de 2016, pequena queda de 2,2% em 2015 e elevação de 5,65% em 2014. Além disso, a média do primeiro semestre de 2018 foi R$ 145,68, bem próxima da de 2017, de R$ 145,55, mas 12,2% inferior à de 2016 (de R$ 165,90), 16,5% abaixo da de 2015 (R$ 174,40) e 3,33% menor que a de 2014 (R$ 150,70) – todas as médias semestrais tiveram como base as mensais deflacionadas (Indicador).
Em 2017, a operação “Carne Fraca” (deflagrada em março), a delação da maior indústria frigorífica brasileira (que resultou em forte redução da compra de animais por parte desse grande player) e a retomada do desconto de Funrural desfavoreceram os negócios efetivados pelo pecuarista de engorda no primeiro semestre e pressionaram as cotações da arroba. Já em 2018, desde janeiro, o que se verificou foi um fraco ritmo de negócios, com frigoríficos adquirindo lotes apenas quando houve maior necessidade. Além disso, após as exportações terem registrado bom desempenho no primeiro trimestre do ano, diminuíram fortemente a partir de abril, contexto que elevou o volume de carne disponível no mercado interno e resultou em quedas nos preços da arroba, já que o varejo doméstico não conseguiu absorver todo o volume. Vale mencionar, também, que a produtividade da pecuária brasileira tem crescido nos últimos anos, cenário que eleva a disponibilidade de carne.
JUNHO: Com a inconstância de agentes no mercado doméstico de boi gordo, ora entrando para negociar ora recuando, as cotações da arroba oscilaram em junho. As altas durante o mês estiveram atreladas principalmente ao fechamento de negócios envolvendo lotes com alguma característica diferenciada, como maior volume ou animais para produção de carne a ser exportada. No entanto, as desvalorizações prevaleceram, refletindo o posicionamento recuado de compradores, dificuldades na venda de carne bovina no atacado e escalas relativamente alongadas dos frigoríficos, reflexo da paralisação dos transportes durante a greve dos caminhoneiros, no final de maio. Assim, no acumulado de junho, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa do boi gordo registrou queda de 1,83%, e fechou a R$ 139,40 no dia 29.
EXPORTAÇÃO: O volume de carne bovina in natura exportado pelo Brasil em junho foi de apenas 54,4 mil toneladas, o mais baixo desde janeiro de 2011, quando as vendas externas somaram 51,8 mil toneladas, de acordo com dados da Secex. O preço recebido em Reais pela tonelada da carne brasileira, no entanto, superou os R$ 19 mil em junho, um recorde, o que, por sua vez, amenizou a queda na receita total no mês.
A baixa quantidade de carne embarcada no mês passado pode estar atrelada à greve dos caminhoneiros no final de maio, que impediu que cargas saíssem dos frigoríficos e entrassem nos portos. Além disso, o preço da tonelada da carne brasileira em patamar recorde também pode ter limitado as compras por parte de alguns países, já que reduz a competitividade da proteína nacional.
Segundo dados da Secex, o volume de carne bovina in natura exportada em junho foi 40% inferior ao do mês anterior e quase a metade do embarcado em junho/17 (de 100,2 mil toneladas). O preço pago por tonelada foi de US$ 5.126,40, altas de 22,5% frente ao mês anterior e de 21,6% em relação a junho/17 – vale ressaltar que esse patamar acima de US$ 5 mil/t não era verificado desde junho/14. Em moeda nacional, a média recebida por tonelada foi de R$ 19.380,00 (tomando-se como base o dólar médio de R$ 3,78 em junho), sendo 27,4% superior à de maio e 40% acima da de junho/17.
Diante disso, o montante arrecadado no mês foi de US$ 278,82 milhões, quedas de 26,4% frente à receita de maio e de 34% em relação a junho/17. Em moeda nacional, a arrecadação somou R$ 1,053 bilhão, sendo 23,4% inferior à do mês anterior e 24,4% abaixo do de junho/17, ainda de acordo com a Secex.