BOI: O movimento de recuperação nos preços da arroba verificado em julho foi sustentado ao longo de agosto. A baixa oferta de animais prontos para o abate neste período de entressafra foi o principal fator de impulso aos preços. Além disso, o dólar em alto patamar estimulou com força os embarques brasileiros de carne bovina e, consequentemente, elevou a demanda por parte de alguns frigoríficos, que buscaram lotes de animais específicos para exportação.
Assim, após registrar quedas consecutivas mensais durante todo o primeiro semestre, o Indicador do boi gordo ESALQ/BM&FBovespa registrou alta de 1,85% em julho e de 2% em agosto, com a média a R$ 144,81 – foram consideradas as médias mensais reais, deflacionadas pelo IGP-DI. No acumulado do mês, a elevação no preço da arroba foi de 3,6%, fechando a R$ 146,80 no dia 31.
CARNE: A demanda doméstica no mercado atacadista, por outro lado, seguiu lenta no correr de agosto, contexto que limitou o movimento de alta nos preços da arroba. Vale lembrar que o ritmo de recuperação da economia brasileira continua aquém do esperado e os preços de carnes substitutas, como a suína e a de frango, estiveram bastante competitivos frente à bovina. Em agosto, o valor médio da carcaça casada do boi foi de R$ 9,63/kg no atacado da Grande São Paulo, 1,8% superior à de julho. No acumulado do mês, houve alta de 2,84% no preço do corte, fechando a R$ 9,78/kg no dia 31.
CUSTOS EM ALTA – A menor oferta de boi gordo em agosto também se deve ao desestímulo de parte de produtores em confinar animais neste ano, especialmente devido aos altos preços da ração (principalmente milho e farelo de soja). Segundo levantamento realizado pelo Cepea em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o milho representa de 70% a 75% da dieta do confinamento. Em agosto, o Indicador do milho ESALQ/BM&FBovespa teve média de R$ 41,17/sc, alta de 54,4% frente ao de agosto de 2017.
EXPORTAÇÃO: O volume da proteína in natura embarcada pelo País atingiu recorde em agosto, segundo série da Secex. A maior quantidade vendida somada ao câmbio elevado resultaram em faturamento mensal novamente acima de R$ 2 bilhões. De acordo com dados da Secex, foram 144,42 mil toneladas de carne bovina exportada em agosto, 10,4% acima do volume de julho/18 e 17,3% a mais que em agosto/17. O faturamento em Reais atingiu R$ 2,317 milhões, 5% abaixo do mês anterior (de R$ 2,438 bilhões), mas 41,2% acima do de agosto/17 – vale ressaltar que esta foi a segunda vez seguida em que a receita mensal superou os R$ 2 bilhões.
As vendas externas em agosto foram impulsionadas pela forte valorização cambial e pelo consequente preço mais competitivo da carne brasileira. De julho para agosto, a moeda norte-americana se valorizou 2,61%, com a média a R$ 3,93 – a mais alta desde fevereiro/16.
Em moeda nacional, o exportador nacional recebeu R$ 16.048,55/tonelada, queda de 13,88% frente à média de julho, mas 20% acima da de agosto/17.
De janeiro a agosto deste ano, as exportações brasileiras de carne bovina somam 809,4 mil toneladas, 7,2% acima do volume do mesmo período de 2017 (de 754,9 mil) e abaixo apenas do de 2014, quando os embarques foram recordes nos oito primeiros meses do ano (825,04 mil toneladas). Em receita, os embarques no correr de 2018 já geraram R$ 12,262 bilhões, um recorde para o período (de janeiro a agosto).