O mercado de boi gordo, que registrou fraco ritmo de negócios nas primeiras semanas de maio, ficou travado diante da greve de caminhoneiros na segunda quinzena do mês. Em determinados dias durante a greve, o Cepea praticamente não registrou negócios envolvendo boi gordo e bezerro em algumas praças, o que fez com que muitas ficassem sem indicações de preços.
No campo, pecuaristas deixaram os animais no pasto, na tentativa de reduzir a necessidade de uso de suplementos. Muitas indústrias de ração ficaram sem matéria-prima para processamento e, no caso das que tinham derivados estocados, a dificuldade esteve na distribuição. Esse cenário poderá resultar em menor produtividade. Para a reposição, especificamente, pecuaristas efetivaram poucos negócios, enquanto leiloeiras suspenderam as atividades.
No frigorífico, novas cargas de animais não chegaram durante a greve e, mesmo onde houve abate, a impossibilidade de distribuição da carne fez com que a indústria interrompesse as atividades.
Quanto à carne negociada no atacado da Grande São Paulo, o volume de vendas esteve bem reduzido e esse contexto acabou elevando os preços.
Apenas no último dia útil do mês que os embarques de animais para plantas de abate começaram a ser retomados. As negociações, no entanto, foram pontuais na data, visto que os lotes não abatidos precisaram ser reagendados.
PREÇOS – A média do Indicador do boi ESALQ/BM&FBovespa foi de R$ 140,59 em maio, o menor patamar, em termos reais, desde agosto do ano passado – valores foram deflacionados pelo IGP-DI de abril/18. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa do bezerro (Mato Grosso do Sul) teve média de R$ 1.171,05 em maio; em São Paulo, a média mensal foi de R$ 1.176,01.
EXPORTAÇÃO – Após terem registrado em abril o pior desempenho desde abril de 2012, as exportações brasileiras de carne bovina in natura voltaram a se recuperar em maio. No mês, foram embarcadas 90,5 mil toneladas de carne, volume 29,2% superior ao abril/18 e 0,11% acima do de maio/17, segundo dados da Secex. Essa reação foi observada mesmo com a paralisação dos caminhoneiros na segunda quinzena do mês, que impediu o escoamento da carne aos portos.
Quanto ao faturamento com as exportações, voltou a superar R$ 1 bilhão, resultado tanto do maior volume quanto do aumento no preço pago por tonelada em dólar. Segundo a Secex, em maio, o preço da carne bovina in natura exportada foi de US$ 4.184,8/tonelada, 4,6% superior ao mês anterior, mas 1,2% abaixo do de maio/17.
Com o câmbio elevado no mês passado (a R$ 3,63/US$, o maior patamar desde março de 2016), o preço pago em Reais foi de R$ 15.190,82/tonelada, o mais elevado desde fevereiro de 2016, ainda de acordo com a Secex. Nesse cenário, o faturamento em dólar foi de US$ 378,9 milhões e em moeda nacional, de R$ 1,375 bilhão.