A forte alta nos preços da arroba do boi gordo ao longo do ano passado e a manutenção dos patamares recordes neste começo de 2021 evidenciam que, além da demanda externa aquecida, a oferta de animais para abate está baixa no Brasil. Segundo dados do IBGE, em 2020, foram abatidas 29,55 milhões de cabeças no País, 9,05% a menos que no ano anterior e o menor volume desde 2011 (28,82 milhões de cabeças). Segundo pesquisadores do Cepea, ainda que o volume abatido em 2011 tenha sido inferior ao observado em 2020, os preços da arroba não subiram com força naquele ano – operaram entre R$ 202 e R$ 221, em termos reais (as médias foram deflacionadas pelo IGP-DI de fevereiro/21). Isso ocorreu porque, mesmo baixa, a oferta ao longo de 2011 era suficiente para atender à demanda, diferente do observado em 2020 e nestes primeiros meses de 2021. De acordo com dados da Secex, enquanto em 2011 foram exportadas pelo Brasil 820 mil toneladas de carne bovina in natura, em 2020, foram quase um milhão de toneladas a mais, somando a quantidade recorde de 1,725 milhão toneladas.
SUÍNOS: DEMANDA INTERNA FRACA MANTÉM VALORES DO SETOR EM QUEDA
As vendas de carne nos mercados atacadistas seguem lentas, o que mantém em queda os valores da proteína – esta é a quarta semana consecutiva que o Cepea verifica recuo nos preços. Para o animal vivo, as baixas nas cotações têm sido intensas em São Paulo, tendo em vista que a produção desse estado é mais direcionada ao mercado doméstico, que, por sua vez, está bastante enfraquecido, diante do agravamento da pandemia de covid-19, que resultou em restrições mais severas no comércio, e da economia bastante fragilizada. Nos estados do Sul do País, pesquisas do Cepea mostram que as quedas nas cotações do animal vivo foram amenizadas pela influência das grandes indústrias exportadoras da região, uma vez que os embarques de carne suína vêm registrando bom desempenho em março.
TOMATE: RITMO DA SAFRA DE VERÃO DIMINUI, MAS PREÇOS NÃO SE SUSTENTAM
Contrariando as expectativas de agentes do setor, o preço médio do tomate salada pago ao produtor em março (até o dia 23) está 24% inferior ao de fevereiro, a R$ 27,84/cx (ponderado por classificação). Segundo colaboradores do Hortifruti/Cepea, inicialmente, esperava-se que a desaceleração da safra de verão, que, de fato, vem ocorrendo neste mês, possibilitasse certa reação das cotações em alguns períodos. No entanto, a redução da demanda, devido às novas restrições para conter a pandemia de covid-19 em diversos estados brasileiros, vem dificultando o escoamento da produção e pressionando os valores. Além disso, nos últimos dias, o aumento das temperaturas acelerou a maturação dos frutos, inibindo os efeitos da desaceleração da colheita. Vale lembrar ainda que, embora a maioria das praças de verão esteja reduzindo os trabalhos de colheita, Nova Friburgo (RJ) está no pico da atividade neste mês, podendo, até abril, ofertar 50% da área cultivada na safra.