O Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (estado de São Paulo, à vista) operou acima dos R$ 300,00 em praticamente todo o mês de fevereiro. No último dia útil do mês, o Indicador fechou a R$ 303,15, com avanços de 1,1% em fevereiro e de 13,5% no acumulado do ano (de 30 de dezembro de 2020 a 26 de fevereiro de 2021). Mesmo com as demandas doméstica e internacional enfraquecidas nestas primeiras semanas de 2021, a baixa oferta de animais prontos para abate ainda sustentou o movimento de aumento dos valores da arroba. Vale mencionar, no entanto, que preço elevado não é sinônimo de alta rentabilidade. Mesmo que os preços do boi estejam em patamares recordes, a valorização considerável e contínua de importantes insumos pecuários, como os de animais de reposição e dos grãos, pode limitar – e até mesmo comprometer – a margem do produtor. Já no caso da carne, agentes de frigoríficos alegaram dificuldades no repasse das valorizações da arroba do animal à proteína negociada no mercado atacadista. Desde o início deste ano, a carcaça casada do boi é comercializada por volta de R$ 19,00/kg, o equivalente a cerca de R$ 285/@. No dia 26, a carcaça fechou a R$ 19,34/kg (à vista), com elevações de 1% em fevereiro e de 6,8% na parcial de 2021.
Quanto ao bezerro, o animal nelore de 8 a 12 meses foi negociado em Mato Grosso do Sul a R$ 2.844,25 no último dia de fevereiro, com altas de 6,35% no mês e de 13,8% no acumulado deste ano. Para os insumos de alimentação animal, pesquisadores da Equipe de Grãos do Cepea indicaram que, diante do atraso na colheita de soja no Brasil, a oferta de farelo de soja segue limitada, dificultando o abastecimento dos consumidores para o curto prazo – grande parte dos compradores sinalizou não ter estoques longos. Com isso, os preços do farelo de soja seguiram renovando os patamares recordes, em termos nominais, da série do Cepea, iniciada em janeiro de 1999. Em fevereiro, o derivado foi negociado por volta de R$ 2.900,00/tonelada na região de Campinas (SP), estável neste mês, mas forte elevação de 15% na parcial de 2021. Quanto ao milho, pesquisadores da Equipe de Grãos do Cepea relatam que produtores voltaram as atenções aos trabalhos de campo e ao desenvolvimento da safra de verão 2020/21 e, com isso, mantiveram baixa a oferta do cereal no mercado spot. O Indicador do milho ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) fechou a R$ 85,41/saca de 60 kg no dia 26 de fevereiro, aumentos de 2,5% no mês e de 8,6% neste ano. Ressalta-se que, em 2020, os custos de produção da pecuária de corte subiram com força, segundo indicam pesquisas realizadas pelo Cepea em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Dependendo do sistema produtivo, a elevação no Custo Operacional Efetivo (COE) chegou a 45% no ano. Considerando-se a média nacional, o sistema modal de cria apresentou alta de 9,4% nos custos em 2020. No caso do sistema de recria e engorda, o avanço nos custos atingiu 39%, devido ao forte aumento nos preços de animal de reposição. No acumulado de 2020, o Indicador do bezerro ESALQ/BM&FBovespa subiu expressivos 31,13%, em termos reais.
EXPORTAÇÃO
O mês mais curto de fevereiro e o ano novo chinês fizeram com que os embarques da carne bovina in natura brasileira recuassem em relação aos meses anteriores, chegando ao patamar observado em janeiro/19. Apesar dessa retração, as exportações seguem superando a marca de 100 mil toneladas mensais desde o começo de 2018, mostrando que o mercado externo continua importante para o Brasil. No segundo mês deste ano, 102,12 mil toneladas foram enviadas ao exterior, baixas de 4,85% em relação a janeiro/21 e de 7,64% em comparação a fevereiro do ano passado – os dados são da Secex. No acumulado dos dois primeiros meses deste ano, o volume embarcado foi de 209,45 mil toneladas. Vale reforçar que o total registrado no primeiro bimestre de 2020, de 227,59 mil toneladas, foi o recorde da série da Secex até agora.
