O Indicador do boi CEPEA/B3 (estado de São Paulo, à vista) atingiu nesta semana a casa dos R$ 350,00, recorde nominal diário da série histórica, iniciada em 1994. Segundo pesquisadores do Cepea, as exportações brasileiras de carne bovina bastante aquecidas neste começo de ano, sobretudo à China, e a baixa oferta de animais para abate mantêm os preços da arroba em patamares elevados. Dados da Secex mostram que, de janeiro a fevereiro, o Brasil embarcou 334,10 mil toneladas de carne bovina (in natura, industrializada, miúdos entre outros), um recorde para o período. Esse volume também ficou 33,8% acima do escoado no primeiro bimestre do ano passado e 25,49% acima do de janeiro a fevereiro de 2020, que, até então, sustentava o recorde.
SUÍNOS: SETOR NACIONAL ESTÁ APREENSIVO COM O CONFLITO NO LESTE EUROPEU
O setor suinícola nacional está apreensivo com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Isso porque os custos dos principais insumos da atividade, milho e farelo de soja, que já estão elevados, tendem a subir ainda mais. A Rússia e a Ucrânia estão entre os maiores produtores mundiais de trigo e ambos têm forte relevância na oferta de excedentes para transações externas. No atual contexto, os preços internacionais do trigo dispararam, influenciando também os valores de outros grãos, como milho e soja. Vale lembrar que muitos agentes do setor suinícola brasileiro relatam já trabalhar com margens negativas, e novos reajustes nos preços do grão devem intensificar os prejuízos. Já no caso das exportações brasileiras de carne suína à Rússia, o conflito não deve trazer grandes impactos. Atualmente, os envios nacionais ao país russo representam apenas 5,9% dos embarques totais. Ressalta-se, contudo, que o país já teve um papel de destaque no setor suinícola nacional. Por 16 anos, a Rússia foi o principal destino da carne suína brasileira, chegando a ser responsável por 77% das vendas nacionais em 2002, e se mantendo na liderança até 2017. Desde 2018, porém, com a proibição da entrada do produto brasileiro no país por conta de barreiras não-tarifárias, os embarques à Rússia não representam mais grande parte das exportações nacionais, mesmo após revogadas as proibições.