Os últimos dias foram tumultuados no mercado financeiro. A possibilidade de juros altos por mais tempo do que o esperado foi o sentimento que deu o tom de alta para o dólar e redução ao apetite ao risco para ativos da renda variável.
Neste sentido, as commodities agrícolas, como o boi gordo e o milho ganharam tração no Brasil e corrigiram grande parte do pessimismo mostrado entre julho e agosto/23.
Um ponto que nos chamou a atenção recentemente foi o ágio do mercado futuro em relação ao mercado físico. Ágio este que já chegou a ser R$20,00-R$15,00 e hoje tem girado mais próximo de R$10,00-R$5,00/@.
Esse é um dos principais indicativos que merecem a atenção do pecuarista que não tem nenhuma proteção de preços da sua boiada, mas que gostaria de trabalhar mais estruturado nos próximos giros de confinamento ou safras de boiadas de pasto.
No mercado físico, durante esta semana, notamos que os preços de balcão seguem firmes entre R$230,00 e R$240,00/@, em SP, na maioria dos casos. No entanto, o destaque dos levantamentos foi o alívio das programações de abate em meados desta semana. Isto reduz a pressão da competição por matéria-prima em curtíssimo prazo.
Em 2021 e 2022, durante boa parte do segundo semestre, o mercado futuro trabalhou com preços abaixo do mercado físico e isso dificultava o pecuarista fazer boas proteções de preços utilizando as ferramentas da b3.
Talvez o leitor não esteja familiarizado com essa dinâmica. Por isso, vale a pena relembrar.
Quanto mais alto o preço do mercado futuro, maiores são as chances do pecuarista conseguir um seguro de preço mínimo que proteja o custo de produção (ou até mesmo parte da margem) por um custo baixo.
A volatilidade também é importante, mas grosso modo, ela se torna um ponto de atenção em momentos de grande incerteza, como pandemia, EEB atípica e eventos como Joesley Day e Carne Fraca, como em 2017 por exemplo.
O tempo é fundamental para a precificação do seguro de preço mínimo da arroba. Quanto maior o tempo até o vencimento, maior o risco de acontecer um evento “fora do radar”. Por isso, a busca de uma proteção de até 3-4 meses faz mais sentido do que a busca de proteções mais longas.
Relembrar é viver. Para viver bem e se manter firme na atividade pecuária, o produtor assim como tenta mitigar os riscos sanitários e de mortalidade, também deve reduzir os riscos de oscilações bruscas de preço na hora de vender o animal terminado.