A desova de final de safra tem sido refletida nos preços do boi gordo em praticamente todo Centro-Sul. Em São Paulo não está diferente, aliás a correção recente dos preços vem em linha com o recuo das demais praças pecuárias vizinhas.
De acordo com dados do Cepea, desde o início de maio até o dia 30, a arroba do animal terminado perdeu 11,0% do valor, sendo o menor patamar nominal desde setembro de 2020 (na época passávamos pelo turbilhão do covid-19).
A baliza de preços de balcão nesta semana segue pressionada ao redor de R$240,00 e R$245,00/@, à vista, em SP. Paralelamente a isso, o ágio do “boi China” que em meados de 2021 e inicio de 2022 estava entre R$10,00 e R$15,00/@ hoje em dia está mais próximo de R$5,00/@, quando há.
Pouco a pouco os frigoríficos tem preenchido as programações. A disponibilidade de fêmeas e de animais oriundos de regiões fortes em cria como Mato Grosso, Tocantins e Goiás tem sido o principal ponto para a evolução dos abates do Centro-Sul como um todo e, respectiva, pressão de preços no mercado físico.
Pelo lado da carne, temos observado que as cotações no atacado têm sentido essa pressão.
De um lado, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que o consumo das famílias crescer apenas 0,2% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao 4º trimestre de 2022. Ou seja, o consumo doméstico continua tímido com o poder de compra da população ainda limitado.
De outro lado, as proteínas alternativas estão fazendo uma concorrência mais ferrenha a carne bovina comparada aos últimos meses. Isto porque o preço da carne suína e o do suíno vivo terminado tem recuado mais forte recentemente, atingindo os menores patamares do ano. Segundo o Cepea, no Sudoeste Paranaense, o valor do suíno recuou expressivos 12,5% entre 23 e 30 de maio, a 5,73/kg na terça-feira, 30.
Além estarmos em plena desova de animais de safra na pecuária brasileira, o momento atual também é combinado com um re-precificação global de commodities, seja do milho, soja até o minério de ferro.
As expectativas de uma reabertura da economia da China mais vigorosa têm sido substituídas por um desempenho abaixo do esperado, mais focado no setor de serviços, enquanto o setor de commodities está relativamente mais contido.
Mesmo que o cenário atual seja de pressão na arroba, o pecuarista deve estar atento a todos esses pontos mencionados acima. A volatilidade do mercado está grande e essa oscilação de preços geram janelas para o uso das ferramentas de proteção de preço.