Deixando de lado a turbulência das últimas semanas no mercado do boi gordo, trouxemos uma análise do que acreditamos que possa vir pela frente, ao longo de 2025.
Segundo os dados de abates do IBGE, com informações até setembro, o volume de bovinos aumentou 19,1%, frente ao mesmo intervalo de 2024, com uma produção de carcaças 18,5% maior.
Ainda assim, com o consumo doméstico absorvendo bem a produção ao longo do ano e as exportações com recordes consecutivos, o mercado do boi gordo engrenou uma alta forte do segundo semestre, superando até as expectativas mais otimistas.
De janeiro a novembro as exportações superaram em 30,4% o volume de carne bovina in natura embarcado em 2023, no mesmo intervalo. No acumulado até outubro de 2024, o recorde de 2023, considerando o ano fechado, já havia sido quebrado.
Nos últimos meses de 2024, como apresentamos neste espaço há algumas semanas, as valorizações no varejo foram recordes, repassando parte da alta da carne bovina no atacado. Isso impactou o escoamento na ponta final. De toda forma, com o giro maior de dinheiro na economia na reta final do ano, o varejo tende a reduzir preços apenas em janeiro, após as festas e com o período mais fraco de vendas.
Com esse preâmbulo de 2024 feito, para 2025 esperamos um nível de oferta de gado para abate menor que o de 2024. Isso tende a ocorrer pela diminuição dos abates de fêmeas.
O preço do bezerro em alta melhora a rentabilidade da cria, o que faz com que o produtor invista na atividade. Uma das formas de investimento na atividade é pela retenção de fêmeas no rebanho, para aumentar a produção de bezerros, valorizados. Menos fêmeas abatidas resulta em menor produção de carne.
Com isso, esperamos que a oferta comece a ajudar o cenário para o boi gordo, uma vez que em 2024 a valorização veio da demanda (doméstica e exportações).
Do lado das exportações, o USDA projeta aumento de 0,7% nos embarques brasileiros de carne bovina, frente a 2024. Com aumento frente ao recorde deste ano, devemos ter outro resultado inédito.
O mercado doméstico para o próximo ano é o grande ponto de cautela, com os gastos do governo e sua gestão fiscal primária resultando em inflação e juros. A incerteza fiscal também joga lenha na alta do dólar, que retroalimenta o cenário inflacionário e assim por diante. Em resumo, tudo ocorrendo pelos gastos descontrolados da máquina pública, uma vez que a arrecadação está em alta.
Focando nos efeitos sobre o mercado do boi, o dólar valorizado ajuda nas exportações, mas a inflação e juros atrapalham o poder de compra da população.
Resumindo, apesar de diversos pontos de cautela (para dizer o mínimo) no cenário econômico, acreditamos que o cenário de preços no mercado doméstico deve seguir positivo ao longo do ano, pois a tendência é que tenhamos menos carne para ser escoada internamente, com menor produção (menos fêmeas) e exportações em alta.
Com isso, acreditamos em um cenário de preços do boi gordo em alta, com média superior à de 2024.