O mercado físico do boi gordo finalizou o mês de outubro menos eufórico do que iniciou. O avanço gradativo das escalas de abate a partir de meados daquele mês foi um dos principais pontos para reduzir a competição por matéria-prima da indústria, que sustentava a escalada de preços.
Mesmo com boa parte de 2023 já no retrovisor, há dois pontos que estamos olhando de perto para os dois últimos meses do ano, que são: o efeito do El Nino as regiões de pecuária e o consumo doméstico.
O regime de chuvas está oposto entre o Centro-Norte e o Centro-Sul brasileiro. As influências do El nino tem assolado alguns estados com a falta de chuva, como RO, TO, centro e norte de GO. Por outro lado, em SP, PR e algumas regiões de MG a frequência e o volume das chuvas está acima do normal. Alguns pontos do Sul têm sido prejudicados pelo excesso delas e de acordo com agência de meteorologia estes efeitos podem permanecer até março de 2024.
Atualmente, os reflexos deste quadro têm atrapalhado a retenção de animais no cocho, o que colaborou para esse aumento gradativo das escalas como mencionamos anteriormente. No entanto é possível acreditar que caso o bom regime de chuvas continue assim, a boiada de pasto também “pode dar as caras” mais cedo.
Olhando paro o consumo doméstico, os últimos dados macro mostrando a inflação mais comportada e a criação de vagas de trabalho geram uma expectativa construtiva as últimas semanas de 2023. Esses fatores podem alavancar o consumo em relação aos últimos dois anos ainda impactados pelos efeitos do Covid.
Estes fundamentos ainda podem dar uma pitada de volatilidade. É possível afirmar que 2023 foi um ano marcado pelo ciclo de baixa na pecuária, com aumento do abate de fêmeas, muita volatilidade desde o início e margens apertadas como um todo. Olhando para este retrovisor, será que não vale a pena pegar a estrada de 2024 mais protegido do que menos protegido?