Essa volatilidade dos indicadores tem chamado atenção dos pecuaristas e dos participantes do mercado futuro. Esse movimento tem se repetido em outros mercados de commodities e ativos.
Infelizmente, a mudança de juros em boa parte das economias e as preocupações com a inflação são fundamentos relevantes que devem manter essas oscilações de preços mais sensíveis pelo menos nos próximos meses.
No mercado do boi gordo não tem sido diferente. Houve mudanças de percepção em relação a oferta e a demanda adiante.
Semanalmente, o boletim Focus publicado pelo Banco Central tem aumentado as expectativas para o PIB do Brasil em 2022. Há quatro semanas estava em 2%, há uma semana em 2,26% e atualmente as projeções apontam 2,39%. Ou seja, aqui tem ocorrido uma melhora da percepção dos principais economistas do país sobre a geração de riquezas e serviços ao longo do ano. Isto deve ter reflexo positivo sobre o consumo durante as festividades de nov-dez/22.
No dia a dia do físico, temos vivido “dias de safra” em pleno meados do segundo semestre, com as escalas de abate relativamente confortáveis e tentativas de compra abaixo das referências no balcão em SP. Este cenário tem gerado pouca atratividade para negociar lotes maiores de animais terminados e tirado o incentivo para a reposição do cocho nos últimos meses de 2022.
Pelo lado das exportações de carne bovina, a surpresa foi positiva, com o volume embarcado em ago/22 de 230,19 mil toneladas (in natura e processada), um recorde. Vale lembrar que a carne suína também teve um recorde no período, volume 27,7% maior YoY. Isto reforça nossa visão que o nosso principal importador destes dois produtos, a China, mantém a “fome de proteína”, mas deve antecipar a janela de compras para abastecer as festividades de 22-23/jan daquele país. Esta antecipação poderia adiantar o pico das exportações que historicamente ocorre em out-nov.
A possibilidade de um consumo interno mais forte que o normal e um mercado externo desacelerando antes do comum deve manter a volatilidade nas próximas semanas.
Para aqueles pecuaristas que não acessaram as ferramentas de proteção de preços fica o alerta para os dias de alta do mercado futuro. Nestes dias, o custo do seguro de preço mínimo da arroba tende a baratear.
Para aqueles que já contam com essa proteção, vale lembrar que esse seguro (put) pode ser exercido antes do vencimento, caso o mercado futuro esteja abaixo do preço segurado (strike), o que gera flexibilidade.