Todo adulto que teve uma infância normal conhece ou pelo menos já viu uma disputa de cabo de guerra. É aquele jogo no qual dois times competem entre si em um teste de força, puxando a corda.
Talvez este título traduza uma situação tão ou mais fiel do que está acontecendo hoje no mercado físico do boi gordo em SP.
Desde setembro do ano passado houve poucas mudanças de fundamentos por parte da oferta e da demanda, tanto no mercado interno quanto no mercado externo.
Pelo lado da oferta de animais, a disponibilidade enxuta continua dando as cartas, já que as chuvas atrasaram arrastando a oferta de pasto para abril/maio. Pelo lado da demanda, o auxílio continuou sustentando a renda disponível para a população brasileira e o apetite externo seguiu ávido durante os últimos 6 meses.
Temos observado que durante este período, tanto o boi gordo quanto o milho têm tido uma relação quase que intima com o dólar. Isto porque com poucas mudanças dos braços da oferta e demanda, o apetite da indústria exportadora ou a competitividade do nosso produto no mercado externo tem sido um ponto sensível.
Com o lado time do dólar “firmando o braço” nos últimos dias, os exportadores ficaram mais agressivos e a a diferença entre o boi comum e o boi china subiu para o intervalo de R$15,00-R$20,00/@. Isto gerou alguma readequação dos abates daqueles frigoríficos expostos apenas ao mercado interno em boa parte do Brasil Central.
A corda deste cabo de guerra está longa. O ano de 2021 começou com os dois lados tão fortes quando 2020 fechou. De cada lado estamos bem atentos a força do braço do número de casos/vacinados no Brasil e o andamento ajustes econômicos puxados pelo Banco Central e reformas estruturais.