As exportações brasileiras de carne bovina in natura vêm se sustentando em patamares elevados ao longo deste ano. E depois de o volume embarcado ter ficado acima de 200 mil toneladas em agosto e em setembro, somou quase 190 mil toneladas em outubro. Esse bom desempenho, contudo, não foi suficiente para impedir que o boi gordo se desvalorizasse em outubro no mercado interno. No acumulado do mês (entre 30 de setembro e 31 de outubro), o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 recuou quase 4%, encerrando o mês a R$ 292,00. No dia 26, especificamente, o Indicador chegou a fechar a R$ 284,20, o menor patamar nominal desde o começo de novembro de 2021.
A média de outubro do Indicador foi de R$ 296,74, sendo 2,2% inferior à de setembro/21, mas 3,63% acima da de outubro do ano passado, em termos reais (os valores médios mensais foram deflacionados pelo IGP-DI). Ressalta-se que esse avanço na comparação anual só foi observado porque os preços do boi gordo operavam em baixos patamares em outubro de 2021, tendo em vista que os envios de carne bovina à China, o maior destino da proteína brasileira, estavam suspensos, em decorrência de dois casos atípicos de “vaca louca” no Brasil. Assim, a pressão aos valores internos se deve à recuperação da oferta de animais para abate, que vem sendo reforçada pelo típico crescimento na disponibilidade em meses de outubro, quando um maior número de animais de confinamento fica pronto para abate. Além disso, frigoríficos costumam realizar contratos para recebimento de animais nesta época do ano, o que resulta em alongamento de escalas. Outro fator que influencia as desvalorizações internas da arroba é o ainda enfraquecido consumo doméstico da carne.
Segundo dados da Secex, o Brasil embarcou em outubro 188,56 mil toneladas de carne bovina in natura, queda de 7,3% frente a setembro/22, mas expressiva alta de 129,42% frente a outubro/21 (quando, vale lembrar, o Brasil estava sem embarcar carne à China) e 16% acima da de outubro/20. Trata-se, também, do maior volume já exportado em um mês de outubro. De janeiro a outubro, os envios externos de carne in natura somam 1,7 milhão de toneladas, 8,54% acima dos registrados no mesmo período de 2021 e também um recorde para os 10 primeiros meses de um ano. Quanto à receita, totalizou US$ 1,103 milhão em outubro, queda de 9,43% frente à de setembro/22, mas 160% acima da de outubro/22, ainda de acordo com dados da Secex. De janeiro a outubro, o montante soma US$ 10,288 bilhões, 50% a mais que no mesmo período do ano passado e um recorde. Além do recorde em volume, a receita elevada está atrelada ao preço pago pela carne brasileira. Apesar da retração de 2,48% em relação a setembro, o valor da tonelada exportada em outubro foi de US$ 5.852,4, sendo 13,27% superior ao registrado há um ano.