MERCADO INTERNO - Enquanto a oferta de animais para abate seguiu restrita em setembro, as exportações brasileiras de carne bovina in natura continuaram aquecidas. Esse cenário, por sua vez, reduziu a disponibilidade doméstica de carne e elevou a demanda por novos lotes de animais para abate, o que, por sua vez, manteve firme os preços domésticos da arroba do boi gordo e, consequentemente, da carcaça negociada no mercado atacadista. Assim, em setembro, os valores médios mensais da arroba do boi gordo e da carcaça casada, ambos em São Paulo, foram os maiores das séries históricas do Cepea, em termos nominais. A média do boi gordo (Indicador ESALQ/B3, à vista, mercado paulista) foi de R$ 158,31 em setembro, a maior nominal da série histórica do Cepea, iniciada em 1994. No entanto, em termos reais, ou seja, considerando-se a inflação do período, a média de setembro foi a maior desde março de 2018 (quando foi de R$ 159,00) e esteve bem abaixo do recorde, de R$ 189,89, verificado em abril de 2015 (as médias foram deflacionadas pelo IGP-DI de agosto/19).
A média de setembro do boi gordo superou em 2,53% a de agosto e em 3,22% a de setembro do ano passado, em termos reais. No dia 30 de setembro, o Indicador do boi gordo ESALQ/B3 fechou a R$ 162,20, acumulando alta de 3,3% frente ao encerramento de agosto. Quanto à carne negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo, a média de setembro da carcaça casada do boi foi de R$ 10,73/kg, também a maior, em termos nominais, da série do Cepea (neste caso, iniciada em 2001). Já em termos reais, a média de setembro foi a mais elevada desde março deste ano (de R$ 10,75/kg) e estevebem abaixo do recorde, de R$ 12,15/kg, também observada em abril de 2015. A média de setembro da carcaça casada do boi registra altas de 2,1% frente ao mês anterior e de 4,1% em relação à de setembro do ano passado, também em termos reais.
EXPORTAÇÃO - Apesar do pequeno recuo observado frente a agosto, o volume de proteína embarcado pelo Brasil em setembro se manteve acima das 100 mil toneladas pelo 15º mês consecutivo, desempenho inédito para a pecuária nacional, de acordo com dados da Secex. A última vez que a quantidade se manteve acima desse patamar por tantos meses seguidos foi entre maio de 2006 e junho de 2007, somando 14 meses consecutivos. Em setembro, foram embarcadas 123,72 mil toneladas de carne in natura, quedas de 2,2% frente ao mês anterior e de 17,88% em relação a setembro do ano passado, quando, vale lembrar, o volume exportado atingiu recorde, somando 150,66 mil toneladas, de acordo com a Secex.
Já o preço pago pela carne em dólar e também o câmbio subiram em setembro, cenário que compensou o menor volume exportado. Assim, o faturamento em Reais foi de R$ 2,16 bilhões, 1,87% acima do recebido em agosto/19, mas 11,55% abaixo do de setembro/18, quando o montante foi recorde. O valor pago pela tonelada exportada foi de US$ 4.246,4, sendo 1,64% maior que em agosto/19 e 7,45% superior ao de setembro/18. Em moeda nacional, o preço da tonelada foi de R$ 17.495,35, respectivas altas de 7,7% e de 4,16%, ainda segundo a Secex.