As exportações brasileiras de carne bovina bastante aquecidas, sobretudo à China, e a baixa oferta de animais para abate mantiveram os preços da arroba do boi gordo em patamares elevados ao longo de março. No dia 24, especificamente, o Indicador do boi CEPEA/B3 atingiu R$ 352,05, recorde nominal diário da série histórica do Cepea, iniciada em 1994. A média mensal foi de R$ 344,71, sendo 1,3% superior à de fevereiro/22, mas 1,28% abaixo da de março/21, em termos reais (os valores mensais foram deflacionados pelo IGP-DI).
EXPORTAÇÃO – Em março, foram exportadas 169,41 mil toneladas de carne bovina in natura, um recorde para o mês, sendo 6,48% acima do volume do mês anterior e 26,6% superior ao de março/21, segundo dados da Secex. No balanço do primeiro trimestre de 2022, o desempenho também foi recorde. Ainda de acordo com dados da Secex, foram 469,05 mil toneladas exportadas de janeiro a março deste ano, quantidade 36,64% maior que a escoada no mesmo período de 2021 e 32,68% superior à embarcada em 2020, que, até então, sustentada a posição de melhor primeiro trimestre da história.
ABATE DE FÊMEAS – A alta nos preços do bezerro e do boi gordo, observada no mercado pecuário nacional ao longo dos últimos anos e acentuada entre 2020 e 2021, tem levado pecuaristas a segurarem as fêmeas, no intuito de gerar crias. Esse movimento é evidenciado pelo abate dessa categoria de animais em 2021, que registrou o menor número desde 2003. Segundo dados divulgados em março pelo IBGE, em 2021, foram abatidas 9,27 milhões de cabeças de fêmeas (entre vacas e novilhas), queda de 14% frente ao ano anterior e o número mais baixo em 18 anos. Em 2003, foram 7,731 milhões de cabeças. O volume de fêmeas abatidas em 2021 representou 33,77% do total de animais, sendo esta a menor participação também desde 2003.
No último trimestre de 2021, especificamente, o volume de fêmeas abatidas somou 1,99 milhão de cabeças, queda de 8,15% frente ao mesmo período do ano anterior, ainda de acordo com o IBGE. Também no terceiro trimestre, a participação das fêmeas no abate total chegou a 28,89%, a menor porcentagem para esse período desde 2002, quando foi de 27,06%. Chama a atenção que o recuo na participação de fêmeas ocorreu principalmente pela diminuição no abate de vacas adultas. Em 2021, foram abatidas 6,71 milhões de cabeças de vacas, 12,44% a menos que em 2020 e a menor quantidade desde 2003. Em valores absolutos, a queda foi de 954 mil cabeças de 2020 para 2021. No último trimestre do ano passado, o abate de vacas somou 1,45 milhão de cabeças, o mais baixo desde 2002, quando considerados os mesmos períodos de anos anteriores.