A baixa oferta de animais para abate e a possível continuidade da demanda internacional aquecida devem manter o mercado pecuário firme neste ano, conforme indicam pesquisadores do Cepea. A disponibilidade de animais está baixa em todas regiões acompanhadas, resultado, de modo geral, do crescente abate de fêmeas em anos recentes. Além disso, os preços considerados baixos por operadores de mercado entre 2017 e o início de 2019 também desestimularam parte dos pecuaristas, o que freou o ritmo de investimentos nos últimos anos. Quanto à procura, a esperada melhora da economia tende a elevar a demanda por carne bovina. Contudo, o atual alto patamar dessa proteína pode fazer com que parte dos demandantes migre para proteínas mais competitivas, como a suína e a de frango.
SUÍNOS: CENÁRIO PODE SE MANTER POSITIVO EM 2020
O balanço positivo registrado em 2019 deve se repetir neste ano, de acordo com expectativas de agentes consultados pelo Cepea. Isso deve ocorrer devido à diminuição na produção global de suínos, ocasionada pelos casos de Peste Suína Africana (PSA) na Ásia. O USDA indicou que a produção total de suínos deve recuar 10% em 2020 frente ao ano anterior, devido às quedas da oferta na China, nas Filipinas e no Vietnã. Apesar de as perspectivas, de modo geral, serem favoráveis para o setor, os diferentes cenários que o mercado de grãos pode assumir preocupam agentes. A demanda internacional incerta e as tensões ou mesmo possíveis acordos comerciais entre China e Estados Unidos podem gerar movimentos distintos nos preços dos principais insumos da atividade, milho e farelo de soja.
FRANGO: APESAR DE POSSÍVEL ALTA NA PRODUÇÃO, DEMANDA DEVE MANTER PREÇO FIRME
A demanda por carne de frango deve seguir firme em 2020, cenário que pode sustentar as cotações da proteína ao longo do ano, segundo indicam pesquisadores do Cepea. A produção global da carne, por outro lado, deve aumentar 4% em 2020, de acordo com dados do USDA. A gradual recuperação econômica e a recente trajetória de alta nos preços das carnes bovina e suína tendem a favorecer o consumo doméstico da proteína de origem avícola. Já no mercado externo, os efeitos dos surtos de Peste Suína Africana (PSA), especialmente na China, devem continuar beneficiando as vendas da carne brasileira.
ALGODÃO: 2019 É MARCADO POR PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO RECORDES
Com o volume recorde de algodão colhido na temporada 2018/19, o mercado externo foi a alternativa para o escoamento da safra, segundo afirmam pesquisadores do Cepea. Assim, devido às maiores oferta e excedentes, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou 15,4% em 2019. De acordo com dados da Conab, a produção brasileira 2018/19 atingiu volume recorde de 2,7 milhões de toneladas, alta de 36% frente à anterior, impulsionada pela elevação de 37,8% na área cultivada, já que a produtividade média caiu 1,3%, para 1.685 kg/ha. Quanto à exportação, a Secex indica que, de janeiro até a terceira semana de dezembro, foram exportadas 1,53 milhão de toneladas da pluma, 57% superior ao volume de 2019 (de 974,12 mil toneladas) e um recorde.