Apesar de a pandemia de coronavírus trazer grandes incertezas quanto ao andamento da economia mundial e do agronegócio brasileiro, as exportações nacionais de carne bovina in natura continuam registrando bom desempenho. Os volumes embarcados em março e também no primeiro trimestre deste ano foram recordes para os respectivos períodos. Esse cenário, atrelado ao dólar elevado, garantiu receita mensal com as exportações de carne bovina acima de R$ 2 bilhões nos três primeiros meses deste ano. Em março, quando a pandemia começou a avançar com força no Brasil e a reduzir a intensidade na China – o principal destino da carne nacional –, frigoríficos embarcaram quase 126 mil toneladas da proteína in natura, conforme dados da Secex. Essa quantidade superou em 13,88% a de fevereiro/2020 e em 6,25% a de março do ano passado. De janeiro a março deste ano, foram embarcadas ao exterior 353,52 mil toneladas de carne bovina in natura, 5,09% a mais do que o exportado no primeiro trimestre de 2019 (Secex). No mercado brasileiro, o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 registra média de R$ 200,29 nesta parcial de abril (até o dia 8), praticamente estável frente à de março (R$ 200,35). Segundo pesquisadores do Cepea, os preços da arroba têm apresentado pequenas oscilações, influenciados pela entrada e saída de operados do mercado, que negociam apenas quando há necessidade. Além disso, muitos frigoríficos têm trabalhado com escalas mais curtas. Nessa quarta-feira, 8, o Indicador fechou a R$ 201,80.
FRANGO: COMPETITIVIDADE DA CARNE DE FRANGO CAI FRENTE À SUÍNA, MAS AUMENTA FRENTE À BOVINA
Passados 15 dias de quarentena oficial decretada em São Paulo, os preços das principais carnes consumidas no estado registraram comportamentos distintos no atacado da capital paulista. Enquanto o valor da carcaça casada bovina seguiu estável no período, as cotações do frango inteiro e da carcaça especial suína recuaram. Segundo colaboradores do Cepea, no mercado de frango, após a valorização no final de março (por conta do aumento das compras da população), o enfraquecimento da demanda interna pressiona as cotações em abril. Para a carne suína, a lentidão nos negócios e a dificuldade de escoar a produção têm pressionado os valores de todos os produtos do setor, da carne ao vivo. Assim, a carcaça especial registrou forte desvalorização. Já os preços da carne bovina seguiram firmes, principalmente por conta da demanda de varejistas para manter seus estoques. Dessa forma, a carne de frango perde competitividade na comparação com a suína, mas ganha na relação com a concorrente bovina.
SUÍNOS: VOLUME EXPORTADO É O 3º MAIOR DA SÉRIE; NO BR, MENOR CONSUMO PRESSIONA VALORES
As vendas de produtos suinícolas ao mercado internacional seguem firmes. Em março, os embarques totais somaram 71,5 mil toneladas, o terceiro maior volume da série histórica elaborada pelo Cepea com dados da Secex, iniciada em 1997, 9,4% acima do registrado em fevereiro e 31,8% maior que o de março/19. A receita média em Reais gerada pelo setor, por sua vez, atingiu o maior valor da série, de R$ 809,67 milhões, impulsionada pelo dólar em patamar recorde, em termos nominais. Apesar da pandemia de coronavírus na China já entre o fim do ano passado e o início de 2020, o país seguiu demandando altos volumes de carne suína, favorecendo os embarques brasileiros da proteína. Em março, o país asiático foi destino de 35,7 mil toneladas do produto nacional, conforme dados da Secex, aumentando em 2,3 pontos percentuais sua participação nos embarques e responsável por quase metade do total enviado pelo Brasil no período. Já no mercado brasileiro, a redução das vendas na ponta final da cadeia tem travado todo o setor suinícola. A produção da indústria não consegue ser escoada para atacadistas e varejistas, diminuindo a venda de novos lotes de suínos para abate e fazendo com que os preços do animal acumulem queda neste mês. Segundo colaboradores do Cepea, caso esse ritmo permaneça, não haverá espaço físico para alojar os lotes não comercializados e os novos.