O Bitcoin Core, software de código aberto que deriva do “client” original de Satoshi Nakamoto e é o coração do desenvolvimento da tecnologia da rede, irá implementar uma atualização importante para o futuro do Bitcoin: a Erlay, que foi sugerida lá em 2019 por Pieter Wuille e Gleb Naumenko por meio da Bitcoin Improvement Proposal 330 (BIP 330).
Apesar de ser uma atualização relativamente simples que não altera tanto a rede em termos de segurança, funciona basicamente como uma otimização de estrutura e é bastante positiva para gerar escalabilidade para o Bitcoin, trazendo diversos benefícios além do que pode parecer inicialmente.
Em síntese, haverá uma mudança no protocolo de retransmissão das transações que foram transmitidas para a rede, justamente na camada onde os nós se comunicam e compartilham dados sobre elas. Em outras palavras, o objetivo é diminuir o tráfego necessário para que um “node” se mantenha atualizado. No intuito de deixarmos o conteúdo mais tangível, vamos explicar como se dá esta dinâmica de maneira mais simplificada e didática.
Sabemos que uma blockchain descentralizada funciona com diversos computadores espalhados pelo mundo, conhecidos como “nodes”, onde cada um deles possui uma cópia completa de tudo que acontece na rede. Sendo assim, quando acontece uma transação, o computador “A” vai comunicar ao “B” e ao “C” sobre a existência dessa transferência para que eles atualizem suas cópias. E, sucessivamente, estes nodes irão se comunicando com os demais até que todos da rede se atualizem.
No entanto, no decorrer deste processo, às vezes o computador “B” se comunica novamente com o “C”, que já havia sido alertado da existência da transação pelo computador “A”, gerando uma redundância desnecessária na comunicação. O que a Erlay irá fazer, portanto, de forma resumida, é diminuir o número de nodes que serão diretamente alertados e evitar que haja essa repetição de informação através de um algoritmo chamado “libminisketch”.
Fonte: Hub do Investidor
Pois bem. Mas o que isso trará de benefícios na prática?
A mudança trará diversos ganhos para o ecossistema como um todo, facilitando a execução de nodes completos por mais pessoas, gerando mais adesão e também uma rede mais segura, robusta e privada. Uma vez que precisarão de uma largura de banda menor, como podemos ver na imagem abaixo, mais indivíduos podem passar a rodar seus nodes, o que beneficia principalmente pessoas que residem em regiões menos desenvolvidas ou com menor conectividade de internet. Reparem como por meio do BTCFlood (modelo atual), há uma demanda muito maior por largura de banda.
Quanto à segurança, como no protocolo atual cada node é responsável por transmitir a transação para cada outro node na rede, há algoritmos responsáveis por identificar qual o node de origem da transação, o que, pelo menos em tese, facilitaria eventuais ataques a partir do momento em que se sabe de onde está vindo o dinheiro. Com a mudança, tornar-se-á mais difícil para os invasores identificarem o nó de origem.
Em suma, apesar de pequena, a atualização representa um grande avanço na construção de um protocolo mais funcional para o Bitcoin, possibilitando acesso e democratização.