Desde 2009, o aniversário do Bitcoin é celebrado todo dia 3 de janeiro. Foi nesta data em que o primeiro bloco da criptomoeda foi minerado, dando início ao maior experimento monetário da história. Desde aquele dia, não é mais necessário confiar em intermediários para transferir valores entre pessoas de qualquer parte do mundo. Desde aquele dia, é possível realizar transações sem intermediários utilizando esse novo protocolo financeiro.
Em 2020, o Bitcoin completará 11 anos. No mesmo dia, outro evento celebrará o segundo ano de existência. Trata-se do chamado "Proof of Keys", data em que usuários de Bitcoin de todo o mundo são convocados a recuperar a soberania monetária fazendo saques de todos os bitcoins que possuem em corretoras e serviços terceirizados. Traduzindo: nós, usuários do ativo, forçamos uma espécie de “corrida bancária” todos os anos para ter a certeza de que nenhuma plataforma está praticando reserva fracionária. É como um teste de liquidez.
A iniciativa do investidor Trace Mayer, um dos maiores nomes do mercado de criptoativos, foi abraçada pela comunidade e ganha corpo a cada ano. No primeiro, uma série de corretoras tiveram problemas para realizar todos os saques requisitados, como a HitBTC, Poloniex, Cryptopia e Quadringa — as duas últimas chegaram a quebrar poucos meses após o evento. Não é possível afirmar que isso aconteceu em razão do movimento em si, mas o fato é que os atrasos nos saques começaram perto de 3 de janeiro de 2019 e foram seguidos da falência das plataformas.
No Brasil, ainda que nenhuma empresa de criptomoedas tenha falido logo após o Proof of Keys, 2019 testemunhou vários casos de problemas com retiradas. Foi assim com a Atlas Quantum, AnubisTrade, MyAlice, Grupo Bitcoin Banco e tantas outras que, supostamente, tiveram problemas para pagar seus usuários. Os motivos foram variados: enquanto no primeiro caso, por exemplo, a corrida bancária foi desencadeada por uma notificação da CVM, o GBB alega ter sido alvo de um ataque hacker. Seja como for, a corrida serviu para provar que essas corretoras também não tinham capacidade para suportar a retirada em massa do saldo de seus usuários.
Além de combater a fraude e a reserva fracionária, o evento serve principalmente para que todos os bitcoiners se informem sobre o assunto, recuperem a soberania monetária e não deixem seus bitcoins na mão de nenhuma empresa.
Esta é uma convocação à responsabilidade pessoal. Uma convocação para se educar e cuidar do seu dinheiro.
Se você não sabe armazenar as suas moedas e as deixa em corretoras, tenha certeza de que em algum momento você não vai conseguir sacar seus fundos. Bitcoiners de elite não deixam seu dinheiro na mão de terceiros.
Portanto, escrevo para lembrar a todos da comunidade sobre esse importante evento e convidá-los para participar.
Tire todos seus bitcoins das corretoras.
É possível que, caso não o faça agora, você se torne mais uma das vítimas de fundo bloqueados. Você não precisa nem mesmo esperar até o dia 3 para recuperar a sua soberania monetária: quanto antes, melhor.
Como o Andreas Antonopoulos afirma: "Not your keys, not your coins".