O bitcoin é um dos temas (se não o tema) mais controverso das últimas décadas quando falamos de investimento. Há quem ame, há quem odeie.
Mas o fato é que não se pode ignorar mais o bitcoin.
Se você não tem uma opinião formada sobre o ativo, vou te ajudar a formar uma hoje! Vou tentar ser o mais imparcial possível, prometo.
No fim deste texto, quero que você apenas responda a esta pergunta: o que você acha do bitcoin?
Para começar, vamos partir do básico, dado que algumas pessoas podem não saber.
O que é Bitcoin?
O bitcoin é a primeira moeda a ser criada de forma 100% digital e descentralizada.
Ele foi criado – ou introduzido ao mundo – durante a crise de 2008, ocorrida nos EUA, com reflexos globais.
Se você não se lembra ou nunca pesquisou a fundo essa crise, deixo aqui uma sugestão de filme para o fim de semana: “A grande aposta”. O filme explica de forma clara e descontraída o que ocorreu nessa ocasião!
A data de criação do BTC é extremamente relevante, pois as práticas e os problemas que circundam tal crise e a mitigação (ou maquiagem) de alguns problemas são os fundamentos da forma como o bitcoin funciona.
Explico.
À época (e dando um pouco de “spoiler” do filme), houve uma grande crise, na qual diversos bancos que estavam extremamente alavancados vieram à falência por más práticas no mercado.
O Banco Central norte-americano injetou cerca de US$ 675 bilhões para salvar alguns dos principais bancos do país da falência. Caso não fizesse isso, uma crise ainda mais forte nos EUA poderia ocorrer.
“Mas o que isso tem a ver com o Bitcoin?”
Tudo. O bitcoin foi criado para ser uma moeda descentralizada, ou seja, sem nenhuma interferência de nenhum banco central em como é feita sua emissão!
Características econômicas do Bitcoin
A emissão do bitcoin é pré-programada, decrescente ao longo do tempo e com um máximo a ser atingido.
Colocando em números: o máximo de bitcoins que se terá em circulação, em toda a história, será 21 milhões de BTC.
Vale lembrar que o bitcoin é 100% digital, portanto todas essas características são escritas em código de programação e são imutáveis! Vai ser para sempre assim, e se tiver mais de 21 milhões, não é o BTC original, é um fake.
O processo de emissão dos bitcoins se dá através da validação de blocos de transações de bitcoin. Grosso modo, diversas pessoas, com computadores ao redor de todo o planeta, podem baixar um programa no seu computador e tentar validar blocos de transações através da resolução de equações altamente complexas.
Aqueles que conseguem registram o bloco de transações em uma cadeia de blocos previamente validados chamada Blockchain. Esse processo leva em torno de 10 minutos.
O computador que conseguiu fazer isso recebe a recompensa daquele bloco, que são novos bitcoins, criados justamente para cumprir essa função de recompensa.
Os bitcoins são emitidos como forma de recompensar essas pessoas que, através de computadores, validam as transações.
Assim, existe uma previsibilidade na emissão.
No começo,em 2009, eram emitidos 50 bitcoins a cada bloco de transações que era registrado na blockchain do bitcoin.
Esse número é programado para decrescer à metade a cada 210 mil blocos validados. Como o tempo de bloco do bitcoin gira em torno de 10 minutos, isso dá aproximadamente 4 anos.
Como vocês podem ver no gráfico abaixo, em maio de 2020, aconteceu o terceiro corte na emissão do bitcoin.
Esse evento é conhecido como Halving. Atualmente, a cada bloco validado e inserido na blockchain, são emitidos 6,25 novos bitcoins e creditados a quem realizou a validação.
Com essas características, o bitcoin se torna um ativo desinflacionário, ou seja, sua inflação é cada vez menor, de forma previsível e conhecida ao longo do tempo!
Utilidade e adoção
Saindo um pouco dos aspectos econômicos do bitcoin e indo para o que tange à sua utilidade, o BTC é uma moeda que pode ser transacionada globalmente sem a intervenção estatal direta na sua validade. Ou seja, é uma alternativa ao sistema tradicional que pode entregar um valor muito grande aos seus usuários. A taxa da transação ignora questões geográficas. Tanto faz mandar para o vizinho ou para um amigo no Japão.
Além disso, o bitcoin proporciona aos seus usuários o pseudoanonimato, isto é, cada pessoa pode ter quantos endereços quiser na blockchain do bitcoin. Nesse endereço, você poderá armazenar, mandar e/ou receber bitcoins. Mas nenhum desses endereços terá seu nome vinculado. É um conjunto de números e letras chamado Chave Pública, que é sua “identidade” na blockchain.
Apesar de soar perigoso, tudo o que acontece na blockchain é transparente e pode ser verificado a qualquer momento. Não tem os nomes expostos, mas com os endereços, tudo é verificável!
O bitcoin não é tão bom para transações instantâneas, pelo menos não na forma como foi concebido. Na blockchain do bitcoin, cada transação leva 10 minutos para ser confirmada e registrada irreversivelmente. É o tempo de o bloco ser validado.
No entanto, há diversos esforços e tecnologias que tentam fazer as transações instantâneas com BTC, como a Lightning Network, uma rede paralela ao bitcoin que consegue criar canais de pagamento entre pessoas para gerar transações instantâneas e mais baratas com BTC.
Essa tecnologia é amplamente utilizada, principalmente em El Salvador, primeiro país a adotar o Bitcoin como moeda de curso legal, como uma alternativa para remessas internacionais e como uma ferramenta de democratização do acesso ao sistema financeiro, visto que trata-se de um país extremamente desbancarizado e dependente de remessas vindas dos EUA.
Além de El Salvador, hoje já temos mais 2 países com o bitcoin como moeda legal: a República Centro Africana e o Panamá.
No entanto, apesar de tantas características interessantes e positivas, o bitcoin ainda é um assunto muito controverso. Vamos entender o porquê.
Bitcoin e suas controvérsias
O principal ponto contrário ao bitcoin, até hoje, é sua volatilidade. Por ser um ativo pouco capitalizado comparado às demais moedas, metais preciosos e meios de troca em geral, e por ser muito mais novo e ter um caráter especulativo, o bitcoin apresenta alta volatilidade.
Diante dessas flutuações, questiona-se muito a possibilidade de utilizá-lo como meio de troca.
Além disso, seguindo a linha de raciocínio de não ser um ativo com muito tempo em circulação, e por ser algo completamente novo, muitos países não têm uma regulamentação muito clara ainda acerca de como auferir lucros em Bitcoin, ou até onde pode-se utilizar como meio de troca ou meio de pagamento tal moeda.
Por fim, podemos citar um outro questionamento, mais profundo, acerca da real descentralização do Bitcoin, principalmente pelo processo de validação do ativo: a chamada mineração.
Como explicamos lá atrás, esse processo é realizado por computadores. No começo, qualquer computador conseguia minerar bitcoin. No entanto, a dificuldade da equação se adequa a cada 2016 blocos validados (aproximadamente 2 semanas), para que não tenha discrepâncias muito grandes de poder computacional na rede.
Com o passar do tempo e a evolução da mineração, os computadores específicos para essa atividade foram surgindo e ficando cada vez mais caros. Por consequência, a mineração se tornou cada vez mais seleta, para quem tinha muito dinheiro para montar galpões com diversas dessas máquinas, chamadas ASICs. Esse é o cenário que vivemos até hoje, com alguns pools de mineração dominando boa parte dos blocos minerados.
Na imagem acima, vemos uma fazenda de mineração de bitcoin com diversas ASICs ligadas simultaneamente.
Resumindo
O bitcoin é uma moeda puramente digital, desinflacionária, com baixa fricção para transações internacionais que, porém, ainda é muito pouco capitalizada e experimenta alta volatilidade, o que impacta muito em sua adoção e na sua visão perante o mercado.
Diante desses pontos, eu pergunto para você: qual é a sua opinião sobre o bitcoin?
Espero ter apresentado de forma imparcial esse ativo e com riqueza de detalhes suficiente para ajudá-lo a construir sua opinião!
Caso tenha se interessado, gosto de ressaltar que o bitcoin foi apenas o primeiro dos criptoativos e introduziu a blockchain para outros tantos ativos e tantas utilidades.
Um abraço,