Cada dia mais ouvimos falar sobre o consumo exagerado de energia proveniente do Bitcoin e seus possíveis impactos sobre o meio ambiente. Recentemente também, Elon Musk, CEO da Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34), declarou que não aceitará mais a compra de seus automóveis com Bitcoin, devido à sua preocupação em relação ao consumo de energia. Por mais que possa ser verdadeira ou não essa justificativa, e aí seria assunto para outro tema, o fato que fica é: Bitcoin realmente é tão maléfico assim para o meio ambiente?
Primeiramente, uma coisa é fato: o Bitcoin consome sim bastante energia. Atualmente o consumo energético ligado à criptomoeda gira em torno de 147,79 TWh/ano. O que seria, em comparação, quase o mesmo gasto energético utilizado em toda a Polônia. Porém, é importante dizer que o consumo de energia em si não faz mal para o meio ambiente. A quantidade de energia per capita mundial, principalmente vinda dos países em desenvolvimento, só tem aumentado nos últimos anos, e a tendência é que continue aumentando, a menos que haja uma perspectiva de declínio populacional, o que não deve ser o caso por enquanto. Dessa forma, o que realmente importa é a forma que essa energia é gerada, ou seja, a matriz energética utilizada.
Segundo estudos realizados pelo Our Wolrd in Data, 36,7% da energia elétrica mundial é proveniente de energia limpa. Já estudos apontados pela universidade de Cambridge dizem que mais de 39% da energia total utilizada na mineração de Bitcoin é renovável. Tendo somente isso em vista, o Bitcoin, por si só, já é mais sustentável que o planeta inteiro.
Outro fator a ser levado em consideração é que os próprios miners, ou mineradores, tendem cada vez mais procurar energias sustentáveis para continuar servindo à rede, uma vez que o custo energético que eles possuem interfere diretamente em sua rentabilidade gerada. Dessa forma, a tendência dos mineradores é sempre migrar para locais onde se possa encontrar energia em abundância e mais barata.
Obviamente, é claro que se consumisse energia nenhuma seria muito melhor. Aliás, novos projetos têm surgido nos últimos anos, como por exemplo o novo mecanismo de consenso de rede, Proof of Stake (PoS), que será adotado na rede Ethereum 2.0, que utilizará um sistema de baixíssimo consumo de energia, a fim de contornar essas questões ambientais. Outra tendência são os surgimentos das chamadas Pools de mineração sustentáveis, em que diversos pequenos miners podem juntar suas forças computacionais, utilizando de energia limpa, para a mineração de criptomoedas. Um exemplo disso é o anúncio da primeira pool de mineração de Bitcoin sustentável do mundo, chamada "Terra Pool". Em parceria da empresa DMG Blockchain com a mineradora Argo Blockchain, a Pool terá a energia, majoritariamente, provida de energia hidroelétrica.
Portanto, para finalizar, muitas vezes quando se trata de Bitcoin, é evidente a criação de um sensacionalismo exacerbado muito utilizado, principalmente, por aqueles que de fato não possuem conhecimento para falar ou, simplesmente, querem ver a tal moeda colapsar. Afinal, quanto de energia é gasta no sistema monetário atual? Desde a impressão do papel moeda fiduciária à construção e geração de bancos, agências, funcionários, coleta e todo o sistema que conecta todas as partes. Quanto de energia é gasta na extração do ouro? Desde todo o maquinário necessário até à extração, manuseio e armazenamento. Pois é, isso “eles” não falam!