Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com.
- Criptomoedas lutam para ter aceitação geral
- Governos são obstáculos; empresas de tecnologia dão suporte
- Bitcoin volta a apresentar volatilidade; oportunidade ou sinal de alerta?
- Ethereum segue em caminho tortuoso
Cotados no patamar de US$ 60.000 e US$ 2.030 respectivamente no fim da semana passada, o bitcoin e o ethereum recuaram em relação às máximas históricas, mas depois voltaram a subir. Ao mesmo tempo, a ascensão dos tokens que circulam no ciberespaço tem sido incrível.
Em março do ano passado, o bitcoin era negociado na mínima de US$ 4.210, e o ethereum tocou o fundo a US$ 124,50. Cada criptomoeda multiplicou por 10 seus retornos após as recentes correções em relação à nova máxima recorde.
Os participantes do mercado que acreditam que teremos pela frente níveis mais altos argumentam que a capitalização geral do mercado ainda é pequena a US$ 2 trilhões. Afinal, só o valor de mercado da Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34) é superior a esse montante. Por outro lado, alguns críticos defendem que os tokens não possuem valor intrínseco e devem se desvalorizar em algum momento. Os mercados precisam de compradores e vendedores, evidentemente, mas o cenário das moedas digitais é composto de muitos extremos.
Sempre que o bitcoin atinge uma nova máxima, as vozes dos touros falam mais alto. Durante as correções, os ursos parecem sair da obscuridade.
Eu tenho uma visão agnóstica em relação à classe de ativos. Respeito as tendências, na medida em que refletem a sabedoria popular. E a multidão continua nos dizendo que ainda não viram um topo se formando nas moedas digitais.
Criptomoedas lutam para ter aceitação geral
As criptomoedas estão construindo massa crítica. Cada vez mais empresas aceitam as moedas digitais como forma de pagamento.
Desde o fim de março de 2021, a lista inclui Microsoft (NASDAQ:MSFT) (SA:MSFT34), AT&T (NYSE:T) (SA:ATTB34) e muitas outras.
A Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34) anunciou recentemente que aceitaria bitcoins como forma de pagamento por seus veículos elétricos. Times esportivos nos EUA também estão aceitando bitcoins. O Miami Dolphins pretende oferecer aos torcedores locais a possibilidade de pagar com litecoins e bitcoins. O Dallas Mavericks e Oakland A’s também aceitam moedas digitais.
À medida que a lista cresce, a classe de ativos ganha a base de apoio necessária para desafiar o dinheiro tradicional.
Governos são obstáculos; empresas de tecnologia dão suporte
Os EUA, Europa e outros governos já expressam preocupação com os usos “nefastos” das moedas digitais. A secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, e a presidente do BCE Christine Lagarde, afirmaram que a volatilidade da classe de ativos e seu uso para “negócios questionáveis” mascaram a razão subjacente de sua oposição.
Os governos controlam a oferta monetária via mercados cambiais tradicionais. Como as moedas digitais são um meio de troca global que opera além das fronteiras nacionais, sem interferência de bancos centrais ou órgãos governamentais, representam uma ameaça ao controle dos países sobre a oferta monetária.
Além disso, a filosofia por trás das criptomoedas defende a remoção de qualquer forma de controle governamental sobre o dinheiro. Por isso, os governos continuam se opondo ao bitcoin e aos outros mais de 9.100 tokens, na medida em que as moedas digitais resistem a qualquer tipo de regulação e tentativas de controle do mercado.
Os governos são obstáculos às novas moedas, travando com elas uma grande batalha à medida que a aceitação aumenta.
Ao mesmo tempo, fundadores de CEOs de empresas de tecnologias disruptivas entram na briga. Elon Musk, da Tesla, uma espécie de DaVinci da idade moderna ou pelo menos um Thomas Edison, investiu US$ 1,5 bilhão do caixa da empresa em bitcoins. Jack Dorsey, fundador e CEO do Twitter (NYSE:TWTR) (SA:TWTR34) e Square (NYSE:SQ), adquiriu US$ 220 milhões em bitcoins.
Algumas das principais empresas de tecnologia não só estão aceitando os tokens, como também investindo em posições de grande risco em moedas voláteis.
Bitcoin volta a apresentar volatilidade; oportunidade ou sinal de alerta?
A tendência do bitcoin continua altista neste início de segundo trimestre de 2021. A criptomoeda líder de mercado continua registrando mínimas e máximas ascendentes.
Fonte de todos os gráficos: CQG
Em 15 de março, o contrato futuro de bitcoin com vencimento em abril na CME registrou nova máxima recorde a US$ 62.080 por token. Dez dias depois, o preço corrigiu até a mínima de US$ 50.595, uma queda de 18,5% abaixo do pico. Embora o bitcoin tenha repicado até cerca de US$ 60.000 em 1 de abril, a volatilidade é amedrontadora.
A volatilidade excessiva tende a ocorrer em mercados com liquidez limitada. A venda geralmente desaparece em períodos altistas, e as compras secam quando o preço se move para baixo.
Os bancos centrais e governos gerenciam o mercado global de câmbio com intervenções coordenadas para fornecer estabilidade e limitar a volatilidade de uma moeda contra a outra. O setor oficial continuará defendendo que as moedas digitais sofrem com a excessiva variação de preços e não oferecem um meio de troca estável e eficiente.
Já os defensores das moedas digitais apontarão que as criptos refletem o real valor, enquanto as cotações do dólar, euro e outros instrumentos de câmbio são manipulados segundo o interesse dos seus órgãos emissores.
O tempo dirá se o alto nível de volatilidade é uma oportunidade para os investidores comprarem nas correções ou um sinal de alerta de iminentes problemas para a classe de ativos.
Ethereum segue em caminho tortuoso
O contrato futuro de ethereum começou a ser negociado na CME em 8 de fevereiro. O surgimento do mercado futuro de bitcoin, no fim de 2017, impulsionou o preço do ativo acima de US$ 20.000 por token pela primeira vez. O ethereum registrou rali similar, subindo para um recorde de US$ 2.057,75 em 19 de fevereiro, antes de cair para 29,3% para US$ 1.454,75 em 26 de fevereiro.
Fonte: CQG
Como mostram os gráficos, o ethereum futuro repicou para um pouco mais de US$ 2000 em 1 de abril. Embora os dados de preço sejam muito mais limitados do que no bitcoin, a mesma tendência de alta está sendo registrada no ethereum desde o fim de fevereiro.
Quem está investindo ou negociando bitcoin, ethereum ou qualquer uma das outras 9.100 moedas digitais precisa estar ciente de que a volatilidade pode aumentar com os governos e bancos centrais elevando seu controle sobre a oferta monetária mundial. O caminho à frente pode ser bastante tortuoso.
Contudo, mais empresas aceitam as criptomoedas como forma de pagamento e o número de investidores proeminentes está aumentando, o que é positivo para a classe de ativos com uma capitalização de mercado de cerca de US$ 2 trilhões ao final do 1o tri de 2021. Apesar de esse valor parecer bastante alto, na verdade não é.
Basta considerar que o governo americano acaba de gastar US$ 1,9 trilhão em estímulo econômico e deverá gastar mais US$ 2 trilhões em obras de infraestrutura. Além disso, somente a capitalização de mercado da Apple supera o patamar de US$ 2 trilhões.
Por isso, as moedas digitais têm mais espaço para subir. A jornada de alta será perigosa à medida que o mercado constrói massa crítica. Ainda que a tendência seja de alta, o risco de correções se eleva com os preços.
As moedas digitais representam o impacto da tecnologia no sistema monetário e bancário. Não espere que os governos aceitem a classe de ativos no futuro próximo. Eles continuarão lutando pelo controle dos fluxos monetários no mundo, o que só tende a exacerbar a volatilidade de preços.