No livro "A Era do Capitalismo de Vigilância", da célebre escritora Shoshana Zuboff, a autora trava, desde então, uma verdadeira "guerra" frente às principais empresas que utilizam o modelo de Big Data. Tudo porque ela "prova" em sua obra que estamos sendo vigiados e induzidos ao consumo demasiado, através dos dados que dispomos (com pesquisas, cliques, likes, redes, etc.), - muitas vezes de maneira inocente - aos sites e aplicativos de tais empresas. Essa realidade se deve, essencialmente, à invasão de nossa privacidade e à indução ao consumo exagerado, focos da crítica da autora.
Sob esse viés, é possível associar a invasão de privacidade, defendida por Shoshana em sua obra, ao conceito do “Big Brother”, cunhado por George Orwell, no livro “1984”. Ou seja, as pessoas estão constantemente sendo vigiadas, sem que necessariamente saibam das malévolas consequências ou da dicotomia implícita, pois na interação entre o indivíduo e a internet há um conceito de liberdade, sobretudo, pelo conforto de se comprar à distância. Contudo, há de se fornecer os dados, que são a “ferramenta” indispensável ao algoritmo (que tratará de manipular e induzir seu hábito de consumo).
Além disso, já é possível ao marketing digital criar a necessidade ao cliente, antes mesmo que ele saiba, induzindo-o ao consumo. Tal prática é fortemente atacada por Shoshana, que exemplifica com o considerável aumento das vendas de ansiolíticos pelas farmacêuticas que conseguem saber através dos algoritmos, que se a pessoa tem entre 29 e 39 anos, é solteiro (a), sem filhos, mora em determinado bairro e, em vários dias da semana, está assistindo a séries, filmes e etc - em qualquer que seja a plataforma de streaming - é porque tal pessoa (provavelmente) está miseravelmente só. Eis que, os famosos “pop-ups” (de ansiolíticos, no caso) aparecerão em toda página ou rede, que ela venha a navegar.
Portanto, para a efetiva interação entre usuário e internet, mecanismos de bloqueios de dados e, mudanças nas leis de privacidade do usuário, devem ser consideradas pelo poder público, a fim de promover uma navegação mais voltada ao entretenimento e educação, ao invés de somente, voltada ao consumo, como é visto nos dias atuais. Com isso, teríamos uma sociedade mais harmônica e sem a ânsia do consumismo desenfreado. Desassociando assim, a Vigilância do Capitalismo, criticada por Shoshana Zuboff, do (inocente) usuário.