A situação fiscal (déficits previstos) mostra uma degradação muito elevada. Recordo que ainda pouco tempo se falava de superávit primário de 0,5% ou até 0%, hoje isto passou a ser secundário, com a revelação do verdadeiro déficit previsto.
A situação ficou muito pior, mas sou apologista de que não se devem mascarar as contas, por piores que sejam a credibilidade das contas públicas deve ser a mais exata possível.
Somente com um conhecimento o mais exato possível é tomar medidas eficazes para a redução do déficit.
O déficit previsto para 2016 e 2017 não assusta muito. O que assusta mais é como reverter e diminuir o déficit como também os impactos na dívida pública.
O BC neste momento mantém o real brasileiro, para o cenário atual, ligeiramente valorizado. Sempre defendi que a cotação do dólar deveria estar entre os 3,50 e os 3,75 reais, mas também defendia que em determinadas situações poderia estar abaixo.
Neste momento o BC, de uma forma faseada, oferta 500 Mi de swaps reversos quase que diariamente, o que reduziu, até o momento, o stock de swaps tradicionais para 58 Bi, quando ainda pouco tempo era de 110 Bi. Essa é uma redução de 52 Bi, mas as posições vendidas dos bancos se mantem nos 30 Bi.
Recordo que muitos artigos faziam menção a um comprometimento de 140 Bi do banco central nas reservas cambiais e que agora está 82 Bi, uma redução muito elevada, já que as reservas cambiais se mantêm praticamente estáveis.
É previsível que o BC aproveite o momento para continuar a diminuir a sua exposição em swaps ou até mesmo zerar as posições.
Da mesma forma que o BC atuou bem contendo a desvalorização elevada do real (acima dos 4,0 reais por dólar americano), deve continuar a conter a valorização do real excessiva.
Apesar de muitos afirmarem que a cotação do real nos 3,20 pode prejudicar as exportações e aumentar as importações, não tomaria ainda como líquido e certo esse efeito. É preciso esperar pelos efeitos e resultados.
Para já, o desempenho do saldo da balança comercial tende a atingir o previsto de 50 Bi que muitos diziam ser irrealista. Neste momento, em pleno meio do ano, praticamente atingimos os 50% da previsão.
O fluxo cambial apresenta um déficit de 12 Bi e a sua tendência ainda é de um grau de incerteza ainda elevado, sendo que é minha convicção é que a tendência poderá se inverter neste segundo semestre.
Por outro lado a valorização do real brasileiro poderá ajudar a descida da taxa de inflação, abrindo margem para que o BC desça a taxa Selic, neste segundo semestre, uma vez que os títulos já estão sendo negociados a 12 pp. Acredito que até ao final do ano haja margem para a taxa Selic descer para os 13,15%.
Os dados ainda são ruins, a recessão contínua alta, a inflação apesar de uma redução contínua alta, mas já numa fase pós-inercial, o desemprego continua alto, mas aparentemente estabilizado.
Então porque este movimento de alta da bolsa e depreciação do dólar?
Penso que as partes de motivos especulativos e oportunistas nestes movimentos devem-se a uma maior credibilidade do governo e na possibilidade de adoção de medidas corretivas das contas públicas, que é o que estamos a espera e eu particularmente espero que não saiam frustradas.
Mas continuo a afirmar que o que se diz hoje, amanhã poderá não ser verdade.
A economia vive de vários fatores de incerteza e por isso recomendo cautela.
Vamos ver!