O Banco Central é o guardião da taxa de juros, e em épocas de crise, ele deve reduzir a Selic para estimular a economia. No contrário, em épocas de forte crescimento, ele deve subir os juros, para desaquecer a economia e evitar bolhas.
Depois de quatro anos de crise, o BC reduziu fortemente os juros para estimular a atividade e a volta do crescimento econômico. A inflação baixa e ancorada permitiu que os juros fossem de 14,25 para os 6,5 atuais. Esse patamar foi considerado pelas autoridades monetárias o suficiente para estimular a economia sem aumentar a inflação.
Acontece que vários economistas vêm questionando o Banco Central se esse patamar atual seria realmente o mais adequado, ou se ele não estaria ainda elevado para a necessidade de recuperação da economia. Principalmente porque a inflação segue bem abaixo da meta.
Ontem, Ilan Goldfajn disse à imprensa que iria rever, no momento adequado, se a política monetária está suficientemente estimulativa.
Isso foi logo interpretado pelo mercado como um sinal de que o BC estaria pensando em reduzir novamente os juros. Os vencimentos mais curtos da curva de juros caíram 10 pontos imediatamente.
(Quando os juros caem, os preços dos títulos sobem e quem os possui ganha dinheiro).
Mas o Banco Central tratou logo de soltar uma nota dizendo que foi mal interpretado e que a comunicação sobre os próximos passos da política monetária segue a mesma. Ou seja, ele vai preferir seguir mais tempo com os juros atuais do que fazer novos ajustes na Selic atual. A curva de juros logo se ajustou para cima novamente.
Eu, particularmente, concordo com ele!
Os juros que mais influenciam a economia são os juros longos. Esses só vão cair forte quando passarmos a reforma da previdência. Não tem o que o BC fazer a respeito disso. E quanto mais ele reduzir a Selic, maior será o risco de a inflação voltar. Adicionando, assim, mais prêmio ao juro longo.
A Selic poderia cair apenas se tivéssemos novas surpresas negativas do lado da atividade. Se ela seguir em recuperação lenta, acredito que a alta das taxas será apenas postergada.
Mas esse episódio nos mostra como notícias ou eventos específicos dominam completamente os preços de mercado no curto prazo.
Se você tinha vontade de comprar um título de curto prazo para pegar a queda da Selic, acabou vendo ele cair 10 pontos e ficar instantaneamente muito mais caro. Não valeria a pena entrar na aposta depois. O retorno vs risco estaria muito pior.
No curto prazo, diversas variáveis como notícias e fluxo fazem uma baita diferença nos preços. Quando você decide comprar um título ou uma ação, é preciso se preocupar com o momento em que ela será comprada.
Cuide muito bem de seu patrimônio. Às vezes, comprar agora pode não ser a melhor estratégia. Você precisa esperar o mercado te ditar o melhor momento, ou aceitar que aquela ação que você quer comprar já está cara demais, e é preciso se concentrar em outra aposta.
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