Alguém defenda Marianne
Como não poderia deixar de ser, nossos pensamentos estão com as vítimas do brutal atentado ocorrido noite passada em Nice. Nossos mais profundos sentimentos às famílias das vítimas de mais essa covardia.
Minha consternação, no entanto, é acompanhada de revolta. Revolta porque François Hollande parece frouxo, retrato de um político incapaz. Consigo imaginá-lo cortando seu lindo cabelinho (mais precisamente sentado em uma daquelas cadeiras de aviãozinho que os salões têm para crianças) enquanto pensa nas palavras mais apáticas possíveis para se dirigir à nação em um momento de profunda dor.
Ver Marianne, a musa da República Francesa, de braços dados com um homenzinho minúsculo desses me dá enjoo.
Digo mais: Hollande é um retrato também do panorama político da UE. Não por acaso, movimentos de oposição ganham força em todos os países. Não por acaso tivemos Brexit.
É tanta pequenez que não me surpreenderia em saber que a reação do Parlamento Europeu à triste noite de 14 Juillard fosse... proibir os caminhões.
Cheiro de euforia no ar
Mais cedo estávamos – Bruce, Sérgio e eu – comentando o bom desempenho do mercado ao longo desta semana.
Lá fora temos S&P no topo histórico, caminhando para o sexto dia consecutivo de alta – a série mais longa desde junho de 2014. Juros na lona, com mercado precificando que o Fed não agirá tão cedo – inclusive, em certa medida, fazendo ouvidos moucos para algumas vozes dissonantes do próprio Board quanto a isso. Predomina uma fé inquebrantável de que estímulos garantirão a sustentação da atividade econômica mundo afora. Preocupações com China quase ausentes no newsflow...
Por aqui, por mais que enxerguemos motivos para otimismo com o momento do país, estamos começando a ficar incomodados com a velocidade: já nos parece que a Bolsa pode, em meio à euforia, buscar os 60 mil num prazo bastante curto. Demais?
E o principal: dentre as melhores performances no ano, vemos justo CSN (SA:CSNA3). CSN! Impossível não pensar que há algo de errado.
Basta uma boa desculpa para uma realização. Fiquemos de olho.
Palavra ecoando longe
Estamos felicíssimos com a excelente recepção que encontramos à reabertura do Palavra do Estrategista , que anunciamos ontem. Não há como expressar nossa gratidão pelas mensagens de apoio que não param de chegar.
Estamos em estado de graça.
Reafirmo que queremos partilhar com o maior número possível de pessoas esse material. Por isso mesmo, ressalto as condições especiais de relançamento. Dê uma olhada aqui.
Roma não foi construída em um dia
Segundo Eliseu Padilha, o governo pretende, até o final deste ano, aprovar quatro reformas: previdenciária, trabalhista, tributária e política.
“Só”? Quem sabe garantimos a paz mundial também?
Por mais que esteja gostando – e muito – do momento atual, não consigo abrir mão de certo ceticismo: é demais esperar que, de agosto (leia-se “após o impeachment”) a dezembro se resolvam tantas questões importantes sobre as quais se fala há tanto tempo.
Ou, no mínimo, penso que não se deveria fazer promessas tão altas. Não se promete mundos e fundos assim.
Curioso é que, ao contrário de Padilha, Temer é mais cauteloso. "Não sei se dá para aprovar rapidamente [reformas como a previdenciária e a trabalhista]. (...) Elas vão ser amplamente discutidas."
Também acho. Alinhar o discurso com o Padilha me parece uma boa ideia.
La rebimboca de la parafuseta
Argentina está fazendo alterações na legislação para incentivar as fabricantes de automóveis a darem maior preferência a fabricantes locais de autopeças.
Empresários brasileiros do setor, com inserção expressiva no mercado dos hermanos, podem não estar dormindo muito bem.
Nossa visão, de qualquer forma, é que isso importa pouco para as empresas em Bolsa, pois o foco da maioria destas é em componentes de maior valor agregado, cuja substituição não é trivial.
É o caso de uma Mahle Metal Leve, por exemplo: pistão é coisa séria, muito séria. Não será em componentes assim que a indústria argentina competirá.