Resgate bilionário…
Na semana passada, um dos maiores bancos suíços, o Credit Suisse (SIX:CSGN), foi vendido para seu rival, o UBS (SIX:UBSG), em uma operação de resgate.
Tudo foi costurado durante o último final de semana, com uma oferta inicial de US$ 1 bilhão pelos ativos do Credit Suisse, sendo que, ao final, o negócio foi fechado por US$ 3,2 bilhões.
Quem imaginaria que a história de um dos maiores bancos da Europa, com mais de 167 anos de história, fosse terminar dessa maneira trágica?
O fato apenas reforça que o momento atual é bastante desafiador.
…mas com garantias
Um dos pontos que me chamaram a atenção no acordo costurado entre os dois bancos e o governo suíço foi que o UBS poderá receber US$ 9 bilhões como uma espécie de seguro contra riscos que a fusão possa gerar.
Concordo que não houve muito tempo para o UBS realizar a diligência necessária em uma negociação desse tamanho, visto que tudo foi resolvido em questão de poucos dias, mas o governo oferecer quase 3 vezes o valor pago pelo Credit Suisse, em forma de garantias, me parece um tanto estranho.
Além disso, ao contabilizarmos todas as ajudas financeiras colocadas à disposição do UBS, como linhas de crédito, chegamos a um valor ao redor de US$ 280 bilhões, o que equivale a um terço do PIB do país. Vale lembrar que na semana anterior ao acordo, o Credit Suisse já tinha utilizado um empréstimo de cerca de US$ 54 bilhões.
Não sei se você reparou, mas se somarmos tudo isso e convertermos para reais, estamos falando de algo superior a R$ 1,5 trilhão!
A próxima vítima
Sim, o Credit Suisse era um banco importante mundialmente, mas mesmo assim era apenas o 17º colocado na lista dos maiores bancos europeus em termos de ativos totais, como mostra a tabela abaixo.
Agora, o que aconteceria caso um banco de maiores proporções se visse em uma situação financeira parecida?
Essa é a pergunta que muitos investidores e gestores de recursos têm se feito ao longo dessa semana e parece que o mercado está próximo de escolher a próxima potencial vítima.
Na sexta-feira, 24, as ações do Deutsche Bank (ETR:DBKGn), oitavo maior banco da Europa, caíram mais de 10%, mostrando que os investidores estão preocupados com o banco.
Um dos sinais de que o mercado estava preocupado com o Credit Suisse foi a repentina alta dos CDS (credit default swap) do banco.
Um Credit Default Swap (CDS) é um derivativo de crédito que oferece ao comprador proteção contra inadimplência e outros riscos, ou seja, ele é uma espécie de seguro.
Se as pessoas ficam com medo e passam a procurar mais seguros, o preço dele sobe.
Como mostra o gráfico abaixo, nos últimos dias, tivemos uma forte alta no preço dos CDS do Deutsche Bank.
Apesar de o mercado estar com medo de um eventual problema no Deutsche Bank — que seria um grande problema para a Alemanha, maior economia da Zona do Euro —, ainda não sabemos se o banco será a próxima vítima.
Entretanto, por conta da magnitude do choque nos sistemas financeiros mundiais ao longo das próximas semanas, como falamos na última newsletter, o próximo corpo deve aparecer em breve e azedar ainda mais o humor do mercado.
Parece que ainda não estamos próximos de uma solução mais concisa e duradoura no que diz respeito a problemas em instituições financeiras ao redor do mundo.
Até a próxima semana!