O dividend yeld é uma informação bastante utilizada pelos investidores na hora da escolha da ação pagadora de dividendos. Há uma ideia de que companhias que pagam percentuais maiores sobre o lucro o fazem por apresentarem mais solidez, mas não é bem assim que funciona. Distribuição de dividendos faz parte da política das empresas e elas têm a obrigação de distribuir o mínimo de 25% dos lucros. Podem distribuir mais do que esse percentual, mas isso depende de uma decisão do conselho de administração de cada uma.
Sendo assim, o fato de uma empresa pagar mais dividendos que a outra não significa que ela esteja dando mais lucro. Ela pode estar lucrando menos, mas com uma política de distribuição maior. O investidor não deve se deixar levar cegamente pelo dividend yeld. Dito isso, existe uma expectativa com relação ao que os bancos poderão entregar no próximo semestre no que diz respeito a distribuição de dividendos.
O banco que tiver, por exemplo, a carteira de crédito mais bem selecionada, com maior qualidade, conseguirá diminuir as provisões de devedores duvidosos e melhorar seus resultados. Vale ressaltar que, por mais que aumente a inadimplência, a instituição que contar com uma maioria de devedores triplo A acaba sentindo menos o impacto. E, convenhamos, os grandes bancos brasileiros, todos eles, sabem trabalhar muito bem no cenário econômico nacional, seja com taxa de juros alta ou baixa, inflação e todas as inseguranças que existem. Bancos do mundo inteiro gostariam de ser tão lucrativos quanto os brasileiros.
Observem, porém, que eu coloquei uma condicional: o banco que tiver a carteira de crédito mais bem selecionada. Será que na passagem do primeiro trimestre, quando os resultados foram abaixo das expectativas, para o segundo trimestre, a situação melhorou? Porque a inadimplência só vem crescendo e isso preocupa bastante, mesmo sabendo que as instituições financeiras estão mais seletivas na concessão de crédito. Julho tradicionalmente é o mês que eles divulgam seus balanços semestrais. Normalmente, as informações começam a chegar a partir do dia 19 e se estendem por algumas semanas, banco a banco. Então, falta pouco para sabermos com precisão qual o quadro de cada um.
A expectativa mais positiva é com o Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), que entregou bastante resultado durante o ano. Até porque, de todos os grandes bancos na Bolsa de Valores, foi o único que não sofreu o efeito da fraude contábil cometida pelas Americanas (BVMF:AMER3). Os demais, Itaú (BVMF:ITUB4), Bradesco (BVMF:BBDC4) e Santander (BVMF:SANB11) estavam muito expostos a esse papel, em proporções diferentes, e sentiram bastante o impacto em seus resultados. O Bradesco, maior credor das Americanas, com R$ 4,7 bilhões a receber foi o mais prejudicado.
Então, se nos basearmos apenas no dividend yeld teremos a impressão de que obter ações desses bancos que tiveram de fazer provisionamentos bilionários por conta da Americanas não seja um bom negócio. Porém, conhecendo-os, sabemos o quão sólidos eles são. Além disso, é esperada a redução da taxa Selic já no mês de agosto que, mesmo pequena, será um sinal da melhoria do ambiente de crédito no Brasil. Enfim, o primeiro trimestre sinalizou a piora do desempenho do setor, mas nenhuma instituição teve prejuízo, apenas lucros menores. Na pior das hipóteses o próximo balanço vai mostrar que tudo continua igual, mas com uma expectativa macroeconômica melhor da que tínhamos no começo do ano.