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Bancos centrais estão quase em pânico com inflação em alta, apesar de aumentos de juros

Publicado 20.09.2022, 10:29
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  • Fed deve elevar os juros em pelo menos 75 pontos-base (pb) nesta semana.
  • Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) pede que BCs aumentem a carga inicial de juros para combater a inflação.
  • BCE está sob pressão tanto das taxas quanto do aperto quantitativo.
  • “Pânico” pode ser uma palavra forte demais para descrever o sentimento predominante entre as autoridades monetárias, mas nem tanto.

    As previsões consensuais em relação ao índice de preços ao consumidor (IPC) nos EUA superaram as expectativas, ao avançar 0,1% no último mês, quando os economistas esperavam uma queda. Agora os analistas mudaram sua previsão em relação à elevação das taxas pelo Federal Reserve nesta semana para pelo menos 75 pb, porém aumentam as expectativas de um aumento de 1 ponto percentual.

    CONFIRA: Projeções da taxa de juros do Federal Reserve nas próximas reuniões

    Esse aumento do IPC geral só foi tão pequeno por conta da forte queda dos preços de energia. Ocorre que o núcleo da inflação, que chama mais a atenção e desconsidera elementos incômodos, como alimentos e energia, devido à sua volatilidade, acabou subindo 0,6% no mês.

    Além do grande aumento de juros nesta reunião, os investidores agora esperam que o Fed continue elevando as taxas até que consiga demonstrar que colocou a inflação sob controle.

    Uma alta de 75 pb nesta semana elevaria a taxa-alvo dos Fed Funds para a faixa de 3,0% a 3,25%, enquanto os contratos futuros já sugerem que a taxa básica possa atingir 4% no fim do ano, o que implicaria aumentos substanciais nas próximas duas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), órgão responsável pela política monetária dos EUA, no início de novembro e meados de dezembro.

    O Banco de Compensações Internacionais (BIS), conhecido como o banco central dos bancos centrais, defendeu, na segunda-feira, a elevação dos juros nos EUA e em outros países, mesmo diante do risco de inflação.

    O economista-chefe da instituição, Claudio Borio, pediu que os bancos centrais continuassem elevando os juros com veemência. “A carga inicial maior tende a reduzir a probabilidade de um ‘pouso forçado’”, afirmou em uma análise econômica trimestral divulgada pela instituição sediada na Basileia.

    LEIA MAIS: Banco central da Suécia surpreende ao elevar juros em 1 ponto percentual

    Philip Lane, economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), declarou, na semana passada, que serão necessários outros aumentos da taxa básica do BCE, após o grande aumento de 75 pb no início deste mês. A Europa enfrenta ainda mais problemas com a inflação do que os EUA, na medida em que a disparada dos custos de energia ameaça frear economias e tirar o sono das famílias.

    Lane foi um dos dirigentes que subestimaram a ameaça da inflação durante meses, portanto seu reconhecimento de que outras elevações seriam necessárias é um sinal importante.

    O Fed já havia começado a subir as taxas de modo mais agressivo, colocando outros bancos centrais na berlinda, haja vista que isso provocou uma disparada do dólar contra outras divisas. A valorização do dólar exacerba a inflação em outras economias, pois a maior parte do comércio internacional é realizada na moeda americana. Quando outras moedas se desvalorizam frente ao dólar, suas importações ficam mais caras.

    Outras grandes moedas, como o euro, a libra esterlina e o iene japonês, perderam valor em relação ao dólar, pressionando seus bancos centrais a seguir na mesma toada do Fed. Até mesmo a moeda da China afundou contra o dólar, perdendo um patamar importante, quando a moeda americana superou a taxa de câmbio de 7 iuanes na semana passada. O índice dólar, que compara a moeda americana a uma cesta de seis grandes divisas, já subiu 14% até agora no ano.

    LEIA MAIS: China deixa taxas de juros inalteradas em meio à fraqueza do Yuan

    O possível impacto do aperto quantitativo está ganhando mais atenção, à medida que os bancos centrais começam a desacelerar o reinvestimento dos retornos gerados por títulos em vencimento, o que enxuga a liquidez do sistema financeiro. O Fed vem retirando do mercado US$ 47,5 bilhões desde junho e, neste mês, eleva o volume para US$ 95 bilhões, na tentativa de reduzir seu balanço de US$ 9 trilhões.

    O BCE enfrenta um desafio similar, diante da pressão maior para que reduza seu balanço de 8 bilhões de euros. Esse é mais um quesito em que o banco central do euro está atrás do Fed. A presidente do BCE, Christine Lagarde, declarou, na última reunião de política monetária, que seria prematuro discutir um aperto quantitativo, mas a pressão foi tamanha que pelo menos conseguiu fazer com que o tema seja discutido na reunião de outubro do conselho dirigente.

    O Banco da Inglaterra enfrenta cada vez mais críticas por sua reação letárgica à inflação. O Comitê de Política Monetária atrasou a reunião agendada para a última semana, por conta do período de luto da rainha Elizabeth II, mas a expectativa é que eleve os juros em pelo menos 50 pb nesta semana, com mais analistas projetando um aumento de 75 pb.

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