- Temporada de balanços do 4º tri em Wall Street ficará mais agitada na próxima semana.
- Muitas coisas estarão em jogo quando a Microsoft e a Tesla divulgarem seus resultados.
- Apresentaremos neste artigo os pontos principais dos seus últimos relatórios financeiros.
- *Data do balanço: 24 de janeiro, terça-feira.
- *Estimativa de crescimento do LPA: -6,4% ano a ano (A/A)
- *Estimativa de crescimento da receita: +2,8% A/A
- *Data do balanço: 25 de janeiro, quarta-feira.
- *Estimativa de crescimento do LPA: +32,9% a/a
- *Estimativa de crescimento da receita: +37,8% a/a
A temporada de balanços do 4º tri em Wall Street ficará mais agitada na semana que vem, quando dois grandes nomes do mercado apresentarão seus resultados financeiros.
Depois de começar o ano-novo com ganhos modestos, as ações norte-americanas voltaram a registrar pressão vendedora em meio à perspectiva de uma desaceleração econômica. O sentimento do mercado também foi abalado por comentários rígidos de várias autoridades do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), destacando que as taxas de juros permanecerão mais altas por mais tempo, a fim de conter a inflação.
Dessa forma, muitas coisas estarão em jogo, quando a Microsoft (BVMF:MSFT34)(NASDAQ:MSFT) e a Tesla (BVMF:TSLA34)(NASDAQ:TSLA) divulgarem seus respectivos resultados nos próximos dias.
Microsoft
A Microsoft será a primeira grande empresa de tecnologia a divulgar seus mais recentes resultados trimestrais, após o fechamento dos mercados americanos na terça-feira, 24 de janeiro.
A expectativa é que a gigante do software e do hardware sediada em Redmond, Washington, sofra um raro recuo em seu lucro e registre seu crescimento mais lento de receita em vários anos, ressaltando os diversos desafios que a empresa de tecnologia enfrenta atualmente.
Não é de surpreender que uma pesquisa do InvestingPro com analistas aponte para um pessimismo crescente antes do balanço da Microsoft, muitos dos quais cortaram suas estimativas de LPA 31 vezes nos últimos 90 dias.
Fonte: InvestingPro
As estimativas consensuais são de um lucro por ação (LPA) de US$ 2,32 para o 2º tri fiscal, uma queda de 6,4% frente o LPA de US$ 2,48 no mesmo período do ano passado, devido ao aumento de despesas operacionais. Se confirmado, esse seria o primeiro declínio ano a ano no lucro ajustado da companhia desde o 3º tri fiscal de 2015.
Com isso em mente, o controle de custos será fundamental para a companhia, mesmo após o anúncio recente de que ela pretende demitir cerca de 10 mil colaboradores, ou cerca de 5% do seu quadro de funcionários, nas próximas semanas.
Ao mesmo tempo, a expectativa é que as vendas cresçam em seu ritmo mais lento em mais de cinco anos, aumentando apenas 2,8% ano a ano, para US$ 53,1 bilhões, com os clientes contendo as despesas com nuvem, diante da incerteza do ambiente econômico.
A principal métrica
Como sempre, a maior parte do foco estará direcionada ao desempenho do segmento de Intelligent Cloud da Microsoft, que inclui os serviços na nuvem do Azure, além de GitHub, SQL Server, Windows Server e outros serviços corporativos.
Wall Street espera que a receita do segmento cresça 17% A/A no trimestre de dezembro, uma queda em relação ao avanço de 26% há um ano, devido aos cortes de gastos corporativos.
O mais importante possivelmente será a receita do Azure com serviços na nuvem, após a desaceleração no trimestre anterior, quando o crescimento caiu de 50% para 35% na comparação anual.
O CEO da Microsoft, Satya Nadella, declarou em um informe no dia 18 de janeiro:
“Estamos passando por momentos de significativa mudança e, em minhas reuniões com clientes e parceiros, algumas coisas são claras. Primeiro, vimos os clientes acelerarem suas despesas digitais durante a pandemia e agora estamos vendo que eles desejam otimizar esses gastos, desembolsando menos. Também estamos vendo organizações de diversos setores e regiões mostrarem uma cautela maior por conta de uma possível recessão”.
Performance
As ações da Microsoft recuaram quase 34% desde o pico de US$ 350 atingido em novembro de 2021, quando se estabeleceu uma firme tendência de baixa nos papéis da companhia.
As ações da MSFT, que recuaram até a mínima recente de 52 semanas a US$ 213,43, fecharam cotadas a US$ 231,13 no pregão de ontem. Com uma capitalização de mercado de US$ 1,73 trilhão, a Microsoft é a segunda empresa mais valiosa do mundo.
Do ponto de vista técnico, as ações da empresa continuam abaixo das principais médias móveis de 50, 100 e 200 dias, o que em geral sinaliza a possibilidade de mais vendas no curto prazo.
Como é possível depreender do gráfico, a MSFT segue presa em um padrão de cunha descendente e deve continuar sua espiral de baixa, testando a faixa inferior do canal de baixa na região de US$ 200-220. Se não conseguir se firmar acima dessa faixa, minha expectativa é que a ação teste as mínimas pré-Covid de US$ 165-180.
Tesla
A Tesla deve divulgar seu balanço do 4º tri e os resultados financeiros de todo o ano na quarta-feira, 25 de janeiro, após o fechamento dos mercados.
Uma pesquisa do InvestingPro com analistas revela um otimismo crescente antes do relatório, já que houve seis revisões para cima do LPA nos últimos 90 dias, com um aumento de quase 8% em relação às suas expectativas iniciais.
Fonte: InvestingPro
Ainda segundo o Investing.com, a fabricante de veículos elétricos liderada por Elon Musk deve reportar um lucro ajustado de US$ 1,13 por ação no 4º tri, uma alta de quase 33% em relação ao LPA de US$ 0,85 registrado no mesmo período do ano passado. A receita deve aumentar 37,8% a/a para US$ 24,4 bilhões.
Se isso se materializar, marcaria o maior lucro e volume de vendas trimestrais na história da Tesla, sinalizando que a companhia está enfrentando melhor a piora do cenário macro do que outras montadoras tradicionais.
A principal métrica
Diante do aumento das preocupações com a capacidade da Tesla de atingir suas metas ambiciosas de aumentar os volumes de vendas em 50% em 2023, o ponto de maior atenção no balanço da companhia serão as projeções para o atual trimestre e os próximos.
Wall Street espera que a Tesla fabrique 1,947 milhão de veículos neste ano e entregue 1,853 milhão, fazendo com que a métrica seja de 41% a 42% em 2023.
A margem bruta automotiva da Tesla, cuja previsão é de queda para 27,6%, a partir de 29,3% no ano passado, será acompanhada de perto, sobretudo após os anúncios de cortes de preços feitos recentemente pela empresa, o que acabou suscitando preocupações com uma queda de demanda, à qual a empresa respondeu um descontos para manter sua participação de mercado.
A Tesla ainda é a líder de mercado na América do Norte, com cerca de 65% da indústria de veículos elétricos em 2022, mas sua participação de mercado caiu em relação a 70% em 2021 e 79% em 2020, diante do aumento da concorrência, sobretudo de startups chinesas.
Performance
O ano de 2022 foi difícil para a Tesla, na medida em que suas ações perderam quase dois terços do seu valor, em meio à piora do ambiente macro, como alta de juros, inflação alta e preocupações com uma recessão.
Depois de disparar até a máxima recorde de US$ 414,50 em novembro de 2021, as ações da TSLA, que acumulam uma queda de 61,7% nos últimos 12 meses, despencaram rapidamente até a mínima de US$ 101,81 em 6 de janeiro, nível que não era visto desde agosto de 2020.
As ações da Tesla, desde então, registraram um leve repique, fechando a US$ 127,17 na quinta-feira, mas ainda estão 70% abaixo do pico histórico, devido à agressiva revisão dos valuations de todo o setor de veículos elétricos.
Nos níveis atuais, a Tesla possui uma capitalização de mercado de US$ 401,5 bilhões, em comparação com US$ 1,23 trilhão quando atingiu o pico.
Apesar de a ação ter repicado desde níveis profundamente sobrevendidos, os sinais gráficos da Tesla apontam para uma continuidade da tendência de baixa, haja vista que a ação segue abaixo de importantes níveis de resistência. Dessa forma, não ficaria surpreso de ver a TSLA recuar para a mínima recente de 2020, antes de encontrar suporte no importante nível psicológico de US$ 100.
Aviso: No momento da publicação, Jesse mantinha uma posição vendida no S&P 500 e Nasdaq 100 através dos fundos ProShares Short S&P 500 e ProShares Short QQQ. As visões discutidas neste artigo correspondem exclusivamente à opinião do autor e não devem ser consideradas como uma recomendação de investimento.