Neste segundo relatório sobre o que foi o ano de 2017, foquemos na política monetária, na inflação e na taxa de câmbio.
No que se refere à política de juros, a taxa Selic “deslizou” de 13% para 7% ao longo deste ano, refletindo uma inflação mais comportada, pela ausência de choques de oferta de alimentos, já que a safra neste ano foi recorde. Foi também motivada pela economia, em fraco crescimento ao longo deste ano, mesmo com o juro muito baixo e o crédito retomando lentamente. Pela Focus, por exemplo, o IPCA saiu de 4,81% nas projeções de mercado no início deste ano, para 2,78%. Já o crescimento do PIB pouco variou, saindo de 0,5% para 0,98% neste ano. Importante considerar que pelo lado real, o IPCA, de 5,35% nos 12 meses em janeiro, recuou a 2,80% em novembro passado.
Sobre a taxa de câmbio, fechando o ano em torno de R$ 3,30, as perspectivas da Focus no início do ano indicavam uma cotação em torno de R$ 3,45, mas ao longo do ano, com os bons avanços da política econômica, foi se valorizando para fechar este ano ao redor de R$ 3,30. Cabe salientar que neste “meio tempo” uma forte oscilação ocorreu na moeda norte-americana, que chegou a cair a R$ 3,11 em alguns momentos no primeiro semestre, mas acabou se depreciando forte depois das denúncias da JBS (SA:JBSS3) contra Temer e de acordo com o aumento das dificuldades na aprovação da Reforma da Previdência.
Cabe salientar que no cenário externo, duas variáveis devem ser levadas em consideração, o ritmo de crescimento da economia chinesa e os próximos passos do Fed no seu balizamento de juro.
Atualmente, com a taxa a 1,5%, muitos acham haver espaço para mais três ajustes de 0,25 ponto percentual da taxa Fed Funds neste entrante ano. Tudo dependerá do ritmo de retomada da economia norte-americana, crescendo mais de 3%, e dos efeitos do pacote fiscal, recém aprovado no Congresso. Sobre isso, alguma pressão inflacionária pode retomar, assim como uma piora fiscal, dada a estratégia republicana de supply side economics, ou seja, estímulos pelo lado do corte de impostos para os mais ricos. Não descartemos. neste contexto, o aumento dos ajustes para quatro. Lembremos que o PCE, índice de preço que afeta o consumo, considerado pelo Fed, se encontra em 1,5%, abaixo, portanto, da meta de 2%.
Enfim, caso haja alguma aceleração nos ajustes do Fed Funds, inevitável será uma maior valorização do dólar frente ao real, com o câmbio acima dos R$ 3,40, projeção desta Consultoria. Devemos considerar também as incertezas do cenário político eleitoral, com as eleições presidenciais de outubro de 2018, e os possíveis rebaixamentos pelas agências de rating, caso o Brasil não veja sua Reforma da Previdência aprovada em fevereiro.