A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,56 bilhão na segunda semana de julho e saldo de corrente de comércio em US$ 11,282 bilhões, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), mostrando que o comércio exterior (Comex) brasileiro está aquecido.
O governo federal vem discutindo em suas reuniões internacionais a possibilidade de acordos bilaterais, inclusive com a possibilidade de não usar o dólar como moeda referência e pagamento das transações. Com isso, o destino das exportações merece destaque.
Acredito que faz sentido promover os acordos bilaterais, pois as negociações desse tipo facilitam a criação de laços comerciais mais fortes, além de permitir que as nações reduzam ou eliminem barreiras tributárias, legais e/ou sanitárias, por exemplo, e assim aumentem o fluxo de comércio. Além disso, o Brasil passa a ter maior capilaridade na sua matriz comercial, garantindo acordos mais vantajosos, os quais podem resultar em mudanças que impactam em diversos setores, inclusive no surgimento de novos sistemas de pagamentos mais dinâmicos, modernos e eficientes, tendência que deve estar no radar dos empreendedores no próximo semestre.
Aproveitando esse cenário de relações comerciais aquecidas, aponto algumas tendências e oportunidades do segmento para o segundo semestre de 2023.
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O advento do 5G e o comércio eletrônico
A digitalização executa um papel cada vez mais importante nas negociações internacionais. O crescimento contínuo do comércio eletrônico tem permitido que empresas de todos os tamanhos alcancem consumidores em todo o mundo. A expansão do acesso à Internet, especialmente com a implementação do 5G, e o aumento do uso de dispositivos móveis têm impulsionado o comércio eletrônico transfronteiriço.
Dados de uma análise da consultoria PwC, por meio de sua divisão de estratégia, a Strategy&, apontam que os volumes globais de pagamentos digitais deverão aumentar em mais de 80% até 2025, com as transações atingindo a casa do trilhão, anualmente.
Trazendo essas informações para uma análise de comércio exterior, um dos maiores desafios que as empresas enfrentam no mercado atual é realizar pagamentos em diferentes moedas e países, especialmente se for de maneira fracionada. Felizmente, a tecnologia tornou o processo de pagamentos internacionais mais fácil, rápido e seguro, com mais eficiência e redução nos custos para envio e recebimento de remessas internacionais.
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Retomada econômica
À medida que o mundo continua a se recuperar de uma crise econômica e inflacionária sem precedentes, a nível global, o segundo semestre do ano promete ser um período de consolidação da retomada, em vários sentidos. Muitos países estão impulsionando suas economias, estimulando o consumo, a medida em que tentam controlar a inflação e evitam uma temida recessão, o que deve suportar o comércio internacional. As cadeias de abastecimento estão se restabelecendo gradativamente, gerando oportunidades para empresas expandirem suas operações de importação e exportação.
Vale ponderar que, apesar dos sinais de recuperação econômica, o cenário geopolítico continua a apresentar desafios. Tensões comerciais entre grandes potências, como Estados Unidos e China, ainda persistem, e o aumento das tarifas e restrições comerciais podem criar impactos relevantes nas transações comerciais. A guerra entre Rússia e Ucrânia tende a se arrefecer pós dois anos de conflito. Se isso acontecer, podemos ver a redução da inflação e juros no mundo todo, o que beneficiará o comércio exterior em muitos sentidos – e para vários produtos ou serviços.
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Acordos comerciais internacionais
A integração regional tem sido uma tendência significativa nos negócios internacionais. Acordos comerciais, como o RCEP (Parceria Econômica Regional Abrangente) e o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (USMCA), estão impulsionando o comércio intra e inter-regional. Espera-se que esses acordos continuem a criar um ambiente mais favorável para os negócios entre os países participantes, facilitando o acesso a mercados e superação de barreiras comerciais.
Algo que merece ser acompanhado é o avanço dos acordos que o Brasil está buscando implementar, já que podem representar novas oportunidades de mercado e facilitar o acesso a outros países. Entre eles estão o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, a participação brasileira na Área de Livre Comércio da América do Sul (ALCSA) bem como os tais acordos bilaterais, em voga desde janeiro.
A estratégia da abertura dos novos canais, especialmente com países da Ásia, África e América Latina, representa oportunidades para expandir a venda dos produtos nativos. Isso já está refletindo na balança comercial. Particularmente, eu acho que o fato de estarmos numa posição neutra favorece em todas essas questões diplomáticas que estão acontecendo. Isso nos dá uma boa perspectiva de retorno econômico, de fortalecimento de competitividade das nossas empresas frente ao cenário global.