A Amazon (NASDAQ:AMZN) anunciou a compra de uma rede grande de supermercados nos Estados Unidos, aumentando o portfólio “físico” da gigante do setor tecnológico. O negócio pressionou as cotações de empresas como a Walmart e outros varejistas que podem sofrer perdas de market-share com a eficiência da empresa líder em vendas on-line.
Dados econômicos da maior economia do planeta sinalizam um arrefecimento no crescimento do PIB, mas não o suficiente para evitar com que o FED aumentasse os juros e indicasse que um outro incremento continua na agenda para o ano.
O índice do dólar depois de afundar abaixo de 96.40 recuperou e encerrou a semana virtualmente inalterado.
As commodities não param de cair com o índice do CRB testando os níveis de abril de 2016, empurrado principalmente pelas perdas do contrato de gado, de açúcar e de algodão, muito embora todos os componentes do índice caíram, com exceção ao trigo e o suco de laranja.
O café em Nova Iorque não escapou e fez uma nova mínima mesmo com Londres subindo e causando a inversão dos spreads daquele mercado. Como consequência a arbitragem estreitou para US$ 30.00 centavos por libra peso, patamar que não víamos desde 2014.
A diferença de comportamento fundamentalmente pode ser justificada pelo ano deficitário no robusta e problemas de qualidade no Vietnã para a safra atual. Eu acho que também tem um pouco do efeito de alguns participantes estarem sendo “pegos” de surpresa em alguma posição comprada da arbitragem, menos arriscado do que ficar apenas comprado no arábica, mas dependendo do tamanho da aposta pode estar sendo bastante dolorosa
A puxada de Londres ajudou a sair negócios no físico das origens produtoras da variedade, mas insuficiente para pesar no mercado. Já a queda do contrato "C" travou ainda mais o fluxo de cafés no físico, com os diferenciais estreitando, o que deve continuar acontecendo até os fundos pararem de vender.
A preocupação fica por conta do quanto mais os comerciais e os fundos que estão comprados aguentarão segurar as posições compradas. Da parte dos comerciais o long perigoso é por parte das trading-houses que não imaginavam Nova Iorque cair tanto – como também não imaginavam subir em novembro último para US$ 180 centavos por libra.
Um dos grandes argumentos contra uma eventual subida do arábica é a necessidade de praticamente todos os agentes em ver o mercado mais alto, ou seja: as origens que precisam vender café, as tradings e os exportadores que precisam cobrir seus livros vendidos em diferenciais, e até mesmo os torradores que tendo uma cobertura boa de futuros agora precisam aumentar a compra do basis a níveis atrativos.
Ainda que intrinsicamente possamos dizer que as influências negativas para o café já deveriam estar aliviadas, como por exemplo o argumento de que é prematuro vender a bolsa olhando para a safra 18/19, ou mesmo citando as chuvas que recentemente caíram no Brasil de alguma sorte prejudicando uma parte da qualidade, tudo fica, por ora, secundário, e as apostas ficam por conta de quem terá mais folego para segurar a posição comprada, os fundos ou os comerciais.
O relatório do CFTC já mostrou que na terça-feira última os fundos com um número recorde de contratos bruto-vendidos em 72,498 lotes, acima dos 71,980 contratos de 19 de março de 2013. Com a queda de sexta-feira a posição já está maior. Considerando a posição líquida o recorde ainda não foi rompido pois os mesmos fundos tinham 30,665 lotes no último dia 13 de junho, menos do que os 40,195 lotes de 5 de novembro de 2013.
Os fundos que são seguidores de tendência não têm porque desistir de continuar pressionando as vendas e como aconteceu no exagero da alta de US$ 180 centavos/lb do fim do ano passado, agora vão tentar tirar sangue dos que estão comprados. Difícil dizer o quanto que da parte comprada pode ser liquidada, mas os fundos têm 41,833 lotes e potencialmente poderiam despejar outros 10 ou 15 mil lotes. Já por parte dos comerciais comprados me parece improvável ver uma liquidação de mais de10 mil lotes.
Os dois somados, entretanto, podem desovar de 20 a 25 mil lotes, o que seria suficiente para afundar as cotações outros US$ 10 ou 15 centavos por libra, bem indigesto para os altistas.
Nestas horas o ideal é não entrar em pânico, fácil dizer, mas bem complicado de ser praticado, principalmente se o fluxo de caixa apertar.
Tecnicamente Nova Iorque tem como próximo suporte US$ 122.80, base o contrato de setembro de 2017, seguido por US$ 118.90 e US$ 113.40. Resistências estão em US$ 130.25, US$ 133.45 e US$ 135.70 centavos por libra peso.