Outubro foi um mês de ressaca para os investidores de fundos imobiliários. O IFIX, após 6 meses consecutivos de ganhos, apresentou forte correção, com a desvalorização de -1,97% em outubro, porém o principal índice de FIIs listados na B3 (BVMF:B3SA3) ainda apresenta um ano positivo, com retorno de +10,06% em 2023. Analisando o desempenho setorial dos fundos que compõem o IFIX, podemos perceber que os FIIs que investem prioritariamente em imóveis puxaram o desempenho negativo, com o iTrix Tijolo desvalorizando -2,96% no mês, enquanto os FIIs de títulos mobiliários, representados pelo iTrix Papel, desvalorizaram, na média, -0,95% no mesmo período. O Ibovespa também apresentou desvalorização em Outubro (-2,94%) e, com isso, passou a apresentar uma perda de -2,49% nos últimos 12 meses. Já os títulos de renda fixa de longo prazo indexados a inflação e o real também se desvalorizaram no mês, com o IMA-B 5+ e o dólar americano apresentando variações de -0,98% e +1,00% em outubro, respectivamente.
* Calculado pro-rata die, de acordo com o último índice divulgado. **Os índices ITrix são calculados a partir da ponderação de segmentos de FIIs que fazem parte do IFIX.
O tom negativo dos mercados internacionais permaneceu em outubro, com os investidores ainda se mantendo muito sensíveis a divulgação de dados de desempenho econômico e de inflação, principalmente em referência a economia americana. Ao longo do mês, diversos membros do Federal Reserve (FED), banco central americano, discursaram no sentido de que a taxa básica de juros da maior economia do mundo deve se manter em patamares elevados por um tempo maior do que o previsto inicialmente, haja visto que a economia americana continua mostrando um alto grau de resiliência, com contínuos dados de desempenho do PIB e de emprego melhores do que o esperado pelos analistas. Diante disso, é esperado que para as próximas reuniões do FOMC (Conselho que determina a taxa básica da economia americana) a taxa de juros se mantenha no patamar atual, porém não está 100% descartada a possibilidade de mais um aumento da taxa até o final desse ano.
No mercado interno, o pessimismo também prevaleceu, como podemos ver pelo desempenho dos índices citados 2 parágrafos acima. Boa parte dessa situação continua sendo explicada pela influência do mercado internacional, porém nossos desafios internos não podem ser deixados de lado. Ao longo do mês, quando os mercados ensaiavam uma recuperação depois da divulgação de bons dados de inflação, entrou em pauta (novamente) a política fiscal, com membros do Governo, entre eles o Presidente Lula, defendendo uma meta fiscal mais branda para 2024, contrapondo o compromisso assumido pelo Ministério da Fazenda anteriormente. Essas declarações pró gastos, fizeram com que o mercado passasse a precificar uma diminuição menor da SELIC no atual ciclo de cortes iniciado recentemente pelo Banco Central e, consequentemente, acentuou o desempenho negativo dos índices de renda variável de maneira geral. Para os FIIs, o cenário de médio e longo prazo ainda parece favorável, pois a expectativa continua sendo de queda da taxa SELIC em um ambiente em que a grande maioria dos fundos imobiliários apresenta descontos elevados em relação ao seu valor patrimonial, ou mesmo ao custo de reposição, para os fundos de tijolo. Após 6 meses de ganhos, outubro pode ter sido a oportunidade de entrar para aqueles que achavam que estávamos no fim da festa, sendo que o ciclo de correção e apreciação, que geralmente é longo e não linear, está apenas começando.