Os preços do açúcar cristal no mercado brasileiro devem continuar em patamares elevados ao longo de 2017, sustentados pelas novas estimativas de déficit mundial da commodity. Conforme pesquisadores do Cepea, apesar da ligeira recuperação projetada na produção global 2016/17, de 3% em relação à temporada passada, o volume não deve ser suficiente para alcançar a demanda. Como resultado, o déficit pode chegar a 2,6 milhões de toneladas de açúcar. Para a OIA (Organização Internacional de Açúcar), esse volume pode ser ainda maior, atingindo 6,2 milhões de toneladas. Além dos altos preços na atual safra (2016/17), o retorno do PIS/Cofins sobre o etanol desde 1º janeiro de 2017 no mercado brasileiro pode favorecer o adoçante, visto que diminui a competitividade do biocombustível.
ETANOL: MENOR COMPETITIVIDADE DO HIDRATADO PREOCUPA
O mercado de etanol inicia 2017 em um cenário levemente animador, tendo em vista os maiores preços obtidos pelas usinas no ano passado, mas, ao mesmo tempo, marcado por incertezas no que diz respeito a clima e carga tributária. De acordo com pesquisadores do Cepea, a produção de hidratado, que caiu na última safra da região Centro-Sul (2016/17) diante da maior rentabilidade do açúcar e da perda de competitividade do combustível frente à gasolina C, pode reduzir ainda mais com o fim da isenção do crédito compensatório do PIS/Cofins sobre o etanol, em vigor desde 1º de janeiro de 2017 – a medida acentuaria a desvantagem do hidratado. Por outro lado, o volume de anidro deve continuar crescente, com a demanda sendo complementada com produto importado durante a entressafra.
TRIGO: OFERTA ELEVADA DEVE SEGUIR PRESSIONANDO VALORES EM 2017
As cotações de trigo devem seguir pressionadas em 2017, refletindo a baixa liquidez no primeiro semestre e a expectativa de ampla oferta do cereal, tanto brasileira como do Mercosul. Se, de um lado, os menores preços favorecem compradores, de outro, desestimulam produtores, com a área podendo diminuir por mais um ano. Na Argentina, a projeção do USDA de oferta maior que o consumo deve favorecer moinhos brasileiros. Porém, será necessário avaliar os níveis de taxa de câmbio no Brasil, que influenciará a paridade de importação do cereal.