Com suas ações machucadas na Bolsa por conta da pandemia, as companhias aéreas estão ressurgindo no radar dos investidores.
Aqui, eu vou explicar por que eu gosto da Azul (SA:AZUL4). Comentarei também sobre o contexto atual e notícias que circularam sobre esse setor.
Nos últimos dias se intensificaram os rumores no mercado de que a Azul estaria interessada em comprar a operação brasileira da Latam Airlines (SN:LTM).
Circularam até reportagens com analistas dizendo que a proposta de aquisição poderia sair em torno de 90 dias. Com isso, as ações da Azul chegaram a disparar 10% em um único dia.
Não houve confirmação do negócio e a Latam até refutou as especulações, informando que não houve conversas entre as empresas nesse sentido e que não tem interesse na transação.
O fato de a Latam estar em recuperação judicial nos Estados Unidos pode ser um facilitador do negócio. Afinal, o objetivo do processo é justamente reorganizar financeiramente a companhia para honrar seus compromissos.
Em cenários de crise, como agora, movimentos de consolidação são muito prováveis.
Na semana passada, a Gol (SA:GOLL4) fechou a aquisição da MAP Linhas Aéreas, da Voepass, uma empresa de menor porte que atua a partir dos aeroportos de Congonhas e Manaus. Foi um componente que colocou mais lenha na fogueira em todo esse debate sobre os rumos do setor.
Por conta de todo esse barulho, muita gente veio me perguntar se vale a pena comprar AZUL4 ou não.
Na minha avaliação, fechando ou não a aquisição da Latam no país, a Azul tem um cenário positivo pela frente. Trabalho com uma posição de 4% de AZUL4.
De forma geral, o setor entrará em um processo de recuperação com a reabertura da economia e a aceleração da vacinação contra Covid-19. A estimativa é que 56% da população já estará vacinada em outubro. Ao sairmos dessa crise, existe uma demanda reprimida por viagens.
Se compararmos o número de voos per capita do Brasil, que é 0,5, com outros países em desenvolvimento como o Chile, onde esse indicador é 1,3, vemos o enorme potencial de crescimento do setor. E, para mim, a Azul é a empresa mais preparada para avançar.
A companhia está posicionada de forma diferenciada e inteligente, com maior número de voos além do eixo tradicional São Paulo-Rio-Brasília, área dominada pela Gol e Latam.
A Azul atende muitas vezes sozinha novos polos econômicos rurais e urbanos do país, localidades que até então eram consideradas secundárias ou terciárias pelas suas concorrentes.
Resultados financeiros consistentes
Desde o seu IPO, empresa cumpriu suas promessas e até superou expectativas com resultados apresentados. De 2016 a 2019, sua receita líquida saltou 70% para R$ 11,4 bilhões e o Ebitda, que mede a capacidade de geração de caixa dobrou, indo para R$ 3,6 bilhões.
Na pandemia, a Azul conseguiu sustentar uma posição de caixa saudável. Chegou em 2020 com uma liquidez total de quase R$ 8 bilhões, uma situação confortável face às dívidas.
De abril do ano passado para cá, a Azul Cargo, braço de transporte de cargas de logística, teve um aumento no market share de 14% para 37%. As receitas nesta área bombaram.
Para você ter uma ideia, até aviões de passageiros foram adaptados para funcionarem como cargueiros. Isso demonstra a capacidade que a empresa tem de se reinventar.
Eu destaco ainda que a Azul poderá entrar em 2022 com suas operações recuperadas. Recentemente, ela divulgou em fato relevante ao mercado, uma projeção (guidance) de geração de Ebitda de R$ 4 bilhões no ano que vem, 11% acima de 2019, período pré-crise.
Essa é uma previsão bem pé no chão, na minha visão, pois a empresa leva em conta que as viagens de negócios não devem voltar aos patamares anteriores por conta do uso intenso de plataformas de videoconferências e outras tecnologias.
Por tudo isso, se você investe considerando um horizonte um pouco maior, AZUL4 vale a pena.
E, se eventualmente for confirmada a negociação de compra da Latam, isso poderá gerar um ganho adicional.
Um abraço!