Olá, Pessoal! No artigo de hoje, coescrito com Camila Affonso, sócia do Leggio Group, e Joseph Boukai, consultor do Leggio Group, iremos chamar a atenção para 5 pontos importantes quando avaliamos investimentos em infraestrutura, setor com muitas especificidades e que, portanto, demanda uma análise ainda mais criteriosa e complexa. Vale lembrar que o Leggio Group atua e tem bastante experiência no setor, daí o meu convite para eles compartilharem conhecimento com vocês.
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Avaliação Econômico-Financeira Expandida: no setor de infraestrutura, a análise econômico-financeira precisa mandatoriamente ir além dos tradicionais VPL (Valor Presente Líquido), TIR (Taxa Interna de Retorno) e Período de Payback Descontado. A avaliação de investimentos neste setor demanda uma análise ainda mais criteriosa, dada a complexidade, a longevidade e especificidades dos projetos envolvidos. Em um cenário onde o capital investido é usualmente substancial e os horizontes de retorno podem se estender ao longo de décadas, é necessário compreender profundamente outros indicadores de rentabilidade que complementam o entendimento dos resultados gerados pela avaliação financeira ao longo do seu período projetivo.
Os indicadores de rentabilidade desempenham um papel crucial neste tipo de avaliação e têm como objetivo mensurar a eficiência com que uma empresa utiliza seus recursos para gerar lucro. Esses indicadores fornecem insights valiosos sobre a capacidade de um projeto gerar retornos sustentáveis ao longo do tempo, devendo-se considerar diferentes métricas para uma avaliação mais completa e abrangente. Com isso, indicadores financeiros tais como o ROE (Return on Equity), o ROA (Returno on Assets), o ROIC (Return on Invested Capital) e outros precisam ser estimados e monitorados ao longo do projeto.
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Natureza dos Ativos: normalmente estes ativos possuem uma vida útil longa (para um modelo financeiro, normalmente se utiliza um horizonte de projeção explícita de 20 a 40 anos). Estradas, portos, ferrovias, redes elétricas e de comunicação são exemplos comuns. Ao avaliar a rentabilidade, é crucial considerar não apenas a geração de receita, mas também os custos associados à manutenção, reparos e eventual substituição desses ativos ao longo do tempo. Além disso, a depreciação desses ativos deve ser cuidadosamente tratada nos cálculos, pois pode ter um impacto significativo nos resultados financeiros. O ROA é particularmente relevante aqui, pois fornece uma medida direta da eficiência operacional em relação aos ativos totais. Se os ativos não estiverem sendo utilizados de forma eficiente para gerar lucro, um baixo ROA pode indicar problemas na gestão ou na operação dos projetos de infraestrutura.
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Endividamento Financeiro: investimentos em infraestrutura frequentemente requerem financiamento substancial. O uso de capital de terceiros afeta intensamente a viabilidade econômica, tornando essencial analisar o impacto do endividamento nos resultados. Se por um lado, o uso de alavancagem financeira pode amplificar os retornos para os acionistas, por outro também aumenta o risco financeiro, especialmente em projetos com fluxos de caixa voláteis e incertos. O ROE, por exemplo, é bastante sensível ao uso de alavancagem financeira, uma vez que considera o lucro líquido em relação ao patrimônio líquido.
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Ciclo de Vida do Projeto: os projetos de infraestrutura geralmente passam por várias fases ao longo de seu ciclo de vida, desde o planejamento e construção até a operação, maturação e eventual desativação. Cada fase pode apresentar desafios únicos e ter diferentes exigências de capital e retorno. Por exemplo, os estágios iniciais de um projeto podem exigir investimentos substanciais sem gerar receitas significativas, o que pode afetar temporariamente os indicadores de rentabilidade. Portanto, ao avaliar um investimento em infraestrutura, é fundamental considerar o estágio do projeto e suas implicações para os fluxos de caixa e a rentabilidade esperada. Por exemplo, durante a fase inicial de investimento, o ROA pode ser usado para avaliar a eficiência dos ativos em gerar retorno, enquanto em fases posteriores, como a operacional, o ROIC pode agregar valor para avaliar a eficiência operacional e a rentabilidade a longo prazo.
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Riscos Associados: o setor de infraestrutura está sujeito a uma variedade de riscos específicos, tais como riscos regulatórios, políticos e ambientais (além, claro, do risco de demanda). Mudanças na legislação, políticas governamentais ou condições econômicas podem ter um impacto significativo na rentabilidade dos projetos de infraestrutura. Além disso, eventos como desastres naturais ou interrupções operacionais podem afetar adversamente a capacidade de um projeto de gerar retornos esperados.
Esperamos ter dado uma boa perspectiva sobre a especificidade necessária à avaliação de projetos no setor de infraestrutura. Entendemos que este tema é extremamente relevante porque o Brasil precisa e ainda precisará por um longo horizonte de tempo de muitos investimentos em infraestrutura, o que movimentará boa parte do nosso PIB. Sintam-se à vontade para comentar abaixo e deixar dúvidas, nosso maior objetivo é fomentar esse tipo de discussão em prol da disseminação de conhecimento.
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* Carlos Heitor Campani é PhD em Finanças, Certificado pelo CNPI e Pesquisador da ENS – Escola de Negócios e Seguros. Além disso, ele é Diretor Acadêmico da iluminus – Academia de Finanças e Sócio-Fundador da CHC Treinamento e Consultoria. Campani pode ser encontrado em www.carlosheitorcampani.com e nas redes sociais: @carlosheitorcampani. Esta coluna sai a cada duas semanas, sempre na quinta-feira.
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