Iniciamos esta quinta-feira (dia 25) ainda sobressaltados pelo crescimento forte da pandemia no Brasil, a ameaça de mais uma “onda” na Europa e as gritantes falhas de gestão do governo no monitoramento e controle da crise. Depois de um ano, chegamos à 300 mil mortes e só agora o governo resolve se mexer para formar um “Comitê de Crise” e tentar alguma coordenação entre os poderes, reunindo todos os seus representantes, além dos governadores.
Nos mercados domésticos, ontem foi “dia de virada” no Ibovespa, pela manhã, embalando boa alta, chegando a 115 mil, para a tarde reverter forte, depois de novas pressões por gastos públicos vindas de 16 governadores. Estes pediram um aporte adicional para o auxílio emergencial, de R$ 600 por pessoa. Lembremos que o governo já havia liberado, num limite de aporte de R$ 44 bilhões, uma temporada de auxílios emergenciais até R$ 350. Certamente se os governadores forem bem sucedidos, teremos o estourdeste aporte.
Ainda sobre os mercados, a bolsa paulistana fechou em queda de 1,06%, a 112.064 pontos, depois de ensaiar a alta pela manhã (chegou a 115 mil pontos). Boa parte desta alta havia sido possível, devido ao forte incremento dos barris de petróleo no mercado internacional (em torno de 5%). Já o dólar deu uma explodida, de 2,2%, a R$ 5,63.
No encontro das lideranças de poderes, o discurso de Artur Lira, presidente da Câmara, acabou bem contundente sobre a postura do presidente no gerenciamento da crise. Disse ele que “não vamos continuar aqui votando (...) com o compromisso de não errar com o País, se erros primários e desnecessários continuarem sendo praticados. Em tom de alerta disse, ”os remédios políticos do Congresso são conhecidos e todos amargos, alguns são fatais, e muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável”. Nada mais claro e direto. Se o presidente continuar a extrapolar, o impeachment estará lhe batendo as portas.
Em paralelo, a agência de rating Moody`s admite que a lenta vacinação no Brasil pode pressionar a demanda por gastos emergenciais e negativar sobre o rating do País. Para a agência, “é vital retomar a consolidação fiscal ainda neste ano e garantir que as despesas continuem cumprindo o teto de gastos”. As incertezas fiscais “colocam pressão sobre o câmbio, que, por sua vez, eleva os índices de preços. A Selic está subindo, mas o investidor quer ter certeza de uma trajetória sustentável da dívida pública”.
Nas discussões sobre o Orçamento de 2021, um fato a desagradar foi uma emenda elevando os gastos em mais de R$ 8,3 bilhões, a agradarem os militares. Estes, blindados, fora do congelamento de salários até dezembro e do alcance dos gatilhos definidos na PEC Emergencial, acabaram sendo o mau exemplo de “austeridade seletiva”. Será que esta indecência passa hoje, quando o Congresso vota o Orçamento, às 14h (deputados) e 17h (senadores)?
Neste cipoal de más notícias, ainda temos a Europa em lento processo de vacinação e tendo que espalhar lockdown nas várias regiões.
Nesta manhã de quinta-feira, os mercados europeus operavam em queda, seguidos pelas cotações do barril de petróleo, depois da boa alta na quarta-feira (em torno de 5%). Na Ásia, o movimento dos mercados foi misto, com Japão subindo 1,1% e Coréia do Sul 0,4%. As bolsas em NY, nesta amanhá, operavam na “linha d’ água”. Muita volatilidade nos espera para hoje, mas o ritmo das vacinações será determinante.
Agenda Diária
Abrimos o dia com a elevação do IPCA-15 de março (9h), para algo em torno de 0,80% a 1,0%, depois de 0,48% em fevereiro. Isso deve pressionar a próxima reunião do Copom, dividido entre um aumento de 0,75 p.p. e 1,0 p.p. na taxa Selic. A impactar o IPCA-15 a influência de combustíveis e dos bens industriais. Em 12 meses, o IPCA-15 deve ultrapassar o teto da meta (5,25%), se confirmada a previsão de 5,56%. Ainda hoje, a dificuldade do Banco Central de “ancorar as expectativas” será testada pelo RTI (8h), que vai ser comentado por presidente Roberto Campos Neto em entrevista coletiva, às 11h. À primeira hora do dia (5h), sai a prévia do IPC-Fipe.
Nos EUA, às 9h30, saem a terceira estimativa do PIB/4TRI e o auxílio-desemprego, com previsão de queda para 735 mil pedidos. Lagarde (BCE) e Andrew Bailey (BoE) participam do BIS Innovation Summit (sem horário).
Bons negócios e boa quinta-feira a todos!