Artigo publicado originalmente em inglês no dia 02 de maio de 2018.
Na tarde de segunda-feira, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou que o governo de Israel havia secretamente obtido mais de 100.000 arquivos e documentos de Teerã que continham informações sobre um programa secreto de mísseis nucleares iranianos. Ele apresentou trechos dessa informação ao público em uma tentativa de provar que o Irã havia violado o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) por ter ocultado informações sobre seus programas de armas nucleares.
Enquanto ele falava, o preço do petróleo subia. O WTI atingiu a nova máxima de US$ 69,12 por barril, cerca de dez minutos após Netanyahu ter iniciado o discurso. Uma hora após a conclusão do discurso, o WTI voltou a cair para US$ 68,45 por barril. Essa foi uma reação clara do mercado de petróleo em resposta ao discurso de Netanyahu e à informação que ele revelou.
A cotação do petróleo está subindo nas últimas semanas em parte devido às expectativas em relação à decisão do presidente Trump em 12 de maio sobre a possibilidade de restabelecer sanções contra o Irã. Alguns analistas afirmam que o mercado de petróleo já levou em consideração a possibilidade de restabelecimento de sanções e que os preços não continuarão a subir se Trump decidir restabelecer as sanções em 12 de maio. Eles acreditam que uma decisão contra o Irã já está precificada no mercado.
No entanto, o discurso de Netanyahu e o súbito aumento causado nos preços do petróleo indicam que os mercados de petróleo ainda não precificaram totalmente o impacto de uma decisão contra o Irã. A potencial retomada das sanções contra o Irã poderia remover até 1 milhão de barris de petróleo por dia do mercado e poderia aumentar as tensões geopolíticas no Oriente Médio. Essa decisão também poderia causar um racha entre os EUA e a União Europeia. O aumento dos preços do petróleo, que correspondia ao discurso de Netanyahu (e a seguinte queda após a notícia), revelou que há claramente mais espaço para os preços do petróleo subirem dependendo da decisão de Trump.
Os analistas parecem divididos a respeito da mensagem enviada pelo discurso de Netanyahu. Isso pode indicar que a administração Trump provavelmente restabelecerá as sanções (cancelando efetivamente o JCPOA) e que a revelação de Netanyahu foi calculada para dar apoio a isso. Por outro lado, isso poderia indicar que a administração Trump está planejando continuar com as dispensas sanções que deixariam o JCPOA como está; talvez a apresentação de Netanyahu tenha sido projetada para pressionar a administração Trump a mudar sua posição.
O único fato que pode silenciar a reação dos mercados de petróleo à decisão de Trump é o momento em que ocorrer. O presidente deve dispensar as sanções até 12 de maio, que é um sábado. Se o presidente anunciar sua decisão em 12 de maio nos EUA, não poderemos ver uma reação do mercado de petróleo até que os mercados abram na noite de domingo (em horário do leste dos EUA). Uma reação automática, como a que vimos durante a apresentação de Netanyahu na tarde de segunda-feira, será impossível. Quando a noite de domingo chegar, os investidores terão tido tempo de processar a decisão e não irão reagir imediatamente às notícias. É claro que o presidente Trump pode decidir anunciar sua decisão antes de 12 de maio e se ele anunciar no dia anterior, na sexta-feira, antes do fechamento do pregão, o mercado de petróleo poderá estar em uma situação difícil.