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Atividade no Brasil e inflação nos Estados Unidos são os destaques da semana

Publicado 14.07.2023, 16:06

Dados de atividade econômica no Brasil reforçam um cenário de desaceleração da economia, mas ainda com sinais de fôlego, enquanto, nos Estados Unidos, a inflação abaixo do esperado trouxe algum alívio para as perspectivas à frente.

No Brasil, no começo da semana, a divulgação do setor de serviços surpreendeu o mercado e veio acima das projeções. O volume do setor de serviços registrou avanço de 0,9% em maio na comparação mensal, acima da nossa expectativa e da mediana do mercado (0,4%). Em relação a maio de 2022, a PMS subiu 4,7%, acelerando em relação à alta de 2,8% observada no mês anterior. Importante destacar que os dados de março e abril foram revisados para 1,3% (ante 1,4%) e -1,5% (ante -1,6%). O setor de serviços encontra-se 11,5% acima do nível pré-pandemia (ante 10,5% na leitura anterior).

Na análise desagregada, nota-se crescimento em quatro das cinco categorias pesquisadas. Destaque positivo para serviços prestados às famílias (1,1%), registrando o segundo avanço mensal consecutivo, e transportes (2,2%), recuperando-se da forte queda de 4,3% na divulgação anterior. Pelo lado negativo, observa-se recuo de 1,0% em serviços profissionais, a segunda queda seguida.

Após forte queda em abril, o setor de serviços apresentou boa recuperação na divulgação de maio, com desempenho positivo disseminado entre as categorias. O mercado de trabalho robusto segue favorecendo o setor de serviços, que permanece aquecido.

Por outro lado, a divulgação das vendas no varejo de maio vieram abaixo das expectativas, reforçando uma desaceleração da atividade econômica no país. As vendas no varejo registraram queda de 1,0% em maio no conceito restrito, abaixo da nossa expectativa e da mediana do mercado (-0,3%). Na leitura ampliada, a PMC recuou 1,1%. Na comparação anual, as vendas no varejo caíram 1,0% (ante 0,5% anterior) no conceito restrito e avançaram 3,0% (vs. 2,6% anterior) na leitura ampliada.

Importante ressaltar que os dados de abril passaram por revisão baixista, com a leitura restrita passando de alta de 0,1% para queda de 0,1%, enquanto o conceito ampliado saiu de -1,6% para -2,4%.

Em relação ao desempenho mensal, apesar do headline negativo, metade dos oito segmentos pesquisados registrou crescimento no mês. Destaque negativo para supermercados (-3,2%), tecidos, vestuário e calçados (-3,3%) e outros artigos de uso pessoal (-2,3%). As vendas de móveis e eletrodomésticos (-0,7) também recuaram no período. Pelo lado positivo, destaca-se o avanço em combustíveis e lubrificantes (1,4%) e artigos farmacêuticos (2,3%). Na leitura ampliada, as vendas de veículos subiram 1,6%, enquanto materiais de construção recuaram 2,0%, o quarto recuo consecutivo nessa base de comparação.

A divulgação abaixo do esperado aliada à revisão baixista nos dados de abril reforça um cenário de desaceleração no comércio, negativamente impactado pelo alto patamar da taxa de juros, aumento da inadimplência e menor acesso ao crédito.

O conjunto de dados do setor de serviços e comércio aponta para uma economia resiliente, mas com evidentes sinais de desaceleração. Prospectivamente, a expansão fiscal em vigor aliado a um mercado de trabalho ainda robusto deve seguir provendo fôlego adicional, principalmente para o setor de serviços. No entanto, espera-se que a atividade econômica e o mercado de trabalho desacelerem de maneira lenta e gradual ao longo do resto do ano. Em termos de perspectivas de política monetária, os dados divulgados reduziram as apostas do mercado em uma queda de 50 bps na taxa de juros na próxima reunião, mas reforçam a expectativa de redução de 25 bps em agosto.

Nos Estados Unidos, a inflação ao consumidor veio abaixo da projeção do mercado. A inflação medida pelo CPI nos Estados Unidos registrou alta de 0,2%, abaixo da expectativa do mercado (0,3%), mas acelerando em relação à divulgação anterior (0,1%). No resultado acumulado em 12 meses, a inflação desacelerou para 3,0% ante 4,0% em maio. O núcleo de inflação também desacelerou de 0,4% para 0,2% em junho. Em relação a junho de 2022, o núcleo avançou 4,8% (ante 5,3% anterior), abaixo da expectativa do mercado (5,0%).

Na análise desagregada, alimentação avançou 0,1%, desacelerando em relação à alta de 0,2% anterior, influenciada por alimentação no domicílio (0,0%), que registrou estabilidade. Energia voltou a subir após quatro meses consecutivos de queda e avançou 0,6% (ante -3,6% anterior). O resultado refletiu tanto o avanço em commodities energéticas (0,8%) quanto serviços de energia (0,4%).

Em suma, a divulgação abaixo do esperado tanto do headline quanto do núcleo de inflação traz algum alívio para as perspectivas dos próximos passos da política monetária nos EUA. Apesar disso, o núcleo de inflação permanece elevado e bem acima da meta, mantendo a expectativa de que o Fed deve aumentar os juros em 25 bps na próxima reunião.

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