O Banco Central do Brasil que já havia realizado dois leilões de US$ 1,0 Bi cada ofertando linhas de financiamento para os bancos lastrearem a expansão de suas posições vendidas no mercado à vista, a partir das quais geram liquidez para atender a demanda ante um cenário de fluxos de recursos externos liquidamente desfavoráveis, voltou a ofertar mais US$ 2,0 Bi das mesmas linhas e com o mesmo intuito na última sexta-feira.
Está claro que a autoridade monetária destaca com a atuação pontual que há demanda forte no mercado à vista, que impõe a necessidade de que faça leilão de venda de dólares à vista, baixando o estoque de reservas cambiais, ou que conceda financiamento a partir dos dólares da reserva cambial para que os bancos utilizem como lastro da expansão de suas posições vendidas, e assumam o papel de geradores de liquidez. Continuou optando pela oferta indireta de liquidez utilizando os bancos e os levando a expandir suas posições vendidas.
A rigor e até onde se pode entender a atitude do BC, não há neste momento necessidade de oferta de contratos de “swaps cambiais” para o mercado futuro, até porque, se efetiva a saída de recursos do país, deve estar ocorrendo desmanche de “hedge” que deveria estar dando suporte a estes volumes que ora deixam o país, ou seja, a demanda por “hedge” pode até estar cadente.
O mercado de câmbio é muito sensível a todo ambiente macroeconômico interno e externo quando lhe é dada maior liberdade de estabelecimento de formação dos preços das moedas.
O movimento feito pelo BC sugere que exista pressão de demanda no nosso mercado de câmbio local, mas há também reflexos da queda no mercado internacional das commodities, fator que afeta a formação do preço da moeda americana nos países produtores, como é o caso do Brasil, afora perspectivas desapontadoras que se formam em torno do desempenho da economia dos nossos importantes parceiros comerciais, e, inegavelmente, também afetados pelos fatos em torno da Petrobrás que são perturbadores.
Como temos salientado desde a reeleição da Presidenta Dilma, a logística da politica cambial deveria mudar, o que já ocorre, fato que está mais do que evidenciado. Está claro que o preço do dólar será o ancora da retomada da atividade industrial com impulsos internos e externos. E, além disto, com a queda dos preços das commodities há a reação imediata das moedas vinculadas que as conduz à fragilização, num efeito, em tese, compensatório da remuneração dos produtores.
Entretanto, acreditamos que o preço ao nível de R$ 2,65/2,66 esteja acima do desejado pela autoridade monetária para o fechamento do ano, sendo considerado ocorrência pontual admitindo-se retorno a R$ 2,60 ao final do ano, por isso não ensejará a intervenção do BC nem com leilões extras de swaps cambiais, que contraditoriamente poderia até evidenciar desnecessária a rolagem total pela saída de recursos que tinham “hedge” no país, e nem com ofertas diretas de dólares em leilões de venda, limitando-se, tão somente, a monitorar a liquidez com a oferta de linhas de financiamento.