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Atentos a Reforma Tributária, Inflação e CPI da Covid

Publicado 30.06.2021, 08:46
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O pacote de reforma tributária, anunciado na sexta-feira, a crise hídrica e as celeumas na CPI da Covid continuam a “pesar” nos mercados. Desde então, a bolsa de valores não engrena, os bancos “sangram” e as dúvidas são variadas sobre os rumos da economia e a reforma tributária. 

Na contramão, no entanto, boas notícias ainda conseguem amenizar o cenário geral. O IGP-M de maio, abaixo do esperado (0,60%), contribui para isso, assim como a “bandeira vermelha 2”, para julho, talvez mais amena. Somando a isso, o Tesouro anunciou uma mega emissão externa nesta terça-feira, sinalizando uma forte demanda, ou seja, interesse dos investidores pelo Brasil. Neste contexto, as taxas de juros no mercado futuro, nas três pontas, curta, média e longa, cederam, o mesmo acontecendo com o dólar. A moeda norte- americana, que chegou a bater R$ 4,97 ao longo do dia, cedeu bastante, para fechar a R$ 4,9419, em suave valorização de 0,28%. 

Nossa leitura é de que, mesmo com os fatos narrados acima, somando-se às incertezas globais com a nova variante Delta da Índia, o bom fluxo de recursos e a prevista captação do Tesouro devem segurar a moeda norte-americana. 

No caso da operação do Tesouro, será uma emissão soberana de títulos em dólar. De acordo com o comunicado, é uma emissão de um novo título de 10 anos, com vencimento em 2031, e a reabertura do atual benchmark de 30 anos, o Global 2050. A operação será liderada pelos bancos Bradesco BBI, Goldman Sachs (NYSE:GS) (SA:GSGI34) e HSBC (NYSE:HSBC) (SA:H1SB34).

No mercado de capitais, no entanto, segue o desconforto com o pacote da reforma tributária, em discussão no Parlamento. Pegam mal as propostas de tributação de dividendos, extinção dos juros sobre capital próprio e redução do imposto de renda sobre pessoa jurídica em etapas. Pesa ainda mais o risco de apagão no país. Decorrente disso, o Ibovespa fechou o dia de ontem em baixa de 0,08%, a 127.327 pontos. 

Sobre os debates da reforma tributária, as movimentações na Câmara apontavam para mudanças na proposta apresentada inicialmente. De cara, poderemos ter a redução da alíquota sobre dividendos (de 20% para pelo menos 15%) e a antecipação para 2022 do corte de 5 pontos percentuais no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ).

Uma outra notícia veio da arrecadação de impostos em maio, recorde absoluto, refletindo a retomada consistente da economia. De alguma forma, isso serve para fortalecer o presidente Bolsonaro, em permanente "inferno astral". Em maio a arrecadação federal chegou a R$ 142,10 bilhões, o maior valor da série, e o déficit do governo central acabou aquém do esperado, R$ 20,94 bilhões. 

No outro front, da inflação, no entando, o que se tem é a perspectiva de um “choque de oferta” pesado em julho e agosto, pelo reajuste da energia elétrica em 52% na “bandeira vermelha 2”. A ANEEL anunciou o reajuste de R$ 6,24 para R$ 9,49, a cada 100 quilowatt-hora consumidos. Isso deve valer a partir de julho e se propagar em agosto. O governo, mesmo negando o risco de racionamento, se mostra muito preocupado com o impacto eleitoral deste processo, principal razão para não ter efetuado um reajuste ainda maior - que pode acabar se impondo em agosto.

Em resposta a isso, na reunião do Copom de agosto crescem os que acreditam num ajuste de 1 ponto percentual, a 5,25% (e não mais 0,75 p.p.). É consenso que o ideal é "fazer o mal logo de uma vez" e não aos poucos, em “doses homeopáticas”. Pela pesquisa Focus, o IPCA de 2022 segue em 3,78%, dentro dos objetivos do BACEN de trazer o índice para o centro da meta.    

Nesta quarta-feira, estejamos atentos a mais um fator de preocupação para o governo, a PNAD de abril, podendo se manter acima de 14,7% da PEA e indicando resiliência. O tema também estará em foco nos EUA, onde previsões apontam para redução na criação de empregos privados em junho (ADP), frente ao mês anterior. O patamar deve continuar significativo, contudo, na casa dos 600 mil. Na sexta-feira temos o payroll de junho e a taxa de desemprego.


Sobre a CPI da COVID, as denúncias sobre a compra da vacina indiana Covaxin, devem continuar a gerar ruídos. Segundo o líder do governo, Fernando Bezerra, o presidente repassou a denúncia de sobrepreço ao secretário do ministério da Saúde, Elcio Franco, que nada encontrou de irregular. Bezerra, no entanto, compromete o presidente Bolsonaro com o destino das apurações. Por que então a decisão de suspender o contrato para aquisição do imunizante, anunciada nesta terça-feira? Quem não deve, não teme. 

E se o secretário Elcio Franco se ver envolvido de vez no “esquema”? Ou se aumentarem - como está ocorrendo - os indícios de irregularidades? Também continua no ar a seguinte pergunta: o presidente citou ou não o nome do deputado Ricardo Barros em converso com os irmãos Miranda?

Por fim, o relatório anual do Banco de Compensações Internacionais (BIS, em inglês), divulgado nesta terça-feira, afirmou que uma recuperação mundial desigual da crise da Covid-19 deve tornar a calibragem das políticas fiscal e monetária, complicadas. Apelidado de banco central dos bancos centrais do mundo, o BIS, com sede na Suíça, diz que "seu cenário principal é de uma recuperação mundial sólida, embora com velocidades diferentes entre os países."

Vamos conversando. 

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